Ficção, caro leitor, é produto da imaginação. Imaginação, sonho e fantasia, diria eu. Projeções de situações dramáticas, humorísticas ou trágicas. Como sonhar não custa nada, estava imaginando o resultado de encontros políticos, caso o juiz Julier Sebastião e o Procurador Pedro Taques se lancem e ganhem as eleições. Como rogo que ganhem, vamos às cenas mais pitorescas:

Cena 1:

No Congresso Nacional, encontram-se Taques e Paulo Maluf. Este cumprimenta – como vai,caro colega? Ao que é respondido: como vai o que rapaz? E que história é essa de caro?

Cena 2:

Na Assembléia Legislativa, esbarram-se os deputados Julier e Riva. O presidente da Casa cordialmente oferece a todos uma dose de xerez. Julier nega, docemente constrangido, dizendo que seria o caso de xadrez.

Cena 3:

No Congresso, Pedro Taques preside a Comissão de Orçamento: Já vou avisando que emenda parlamentar serve para fazer progredir o país e não para dar moleza às empreiteiras. Final da sessão: ovação triunfante e hino nacional a plenos pulmões.

Cena 4:

Numa cerimônia no TCE, sentam-se o Governador Julier e Humberto Bosaipo: Quanto tempo, hein Governador? Pois é...tá quase chegando a prescrição né, nobre Conselheiro. Não era disso que eu estava falando, Governador.

Cena 5:

Na posse, o deputado Alexandre César abraça o Governador Taques: no ouvido, sussurra – até que enfim! O outro alfineta: não abraça muito forte porque dá na cara.

Cena 6:

No Senado, lado a lado, os senadores Jayme Campos e Julier. Campos cumprimenta: o senhor por aqui? Julier responde: o senhor ainda por aqui? Pois é, agora nos sentamos lado a lado. Julier responde: não dá pra escolher outro?

Cena 7:

Na campanha eleitoral, disputam Antero e Julier, sentados numa emissora de televisão: É o seguinte,Julier, tudo muito bom, tudo muito bem, proposta daqui, proposta de lá, mas resolvamos esse debate lá fora, com argumentos mais contundentes. Da outra vez, não deu pra chegar no mano a mano.

Cena 8:

Eleição para a Mesa Diretora da Assembléia com Riva e Taques. O escrutinador informa: Senhores Deputados, atenção! Não houve unanimidade na Casa. A bancada unitária retirou-se em protesto.

Cena 9:

O Governador Julier, ao discursar sobre segurança pública: Vocês não estão entendendo. Se há cacetete e revólver, é pra fazer o que com isso?

Cena 10:

Reunião de bancadas com Sarney, presente o Senador Taques: Senhor Presidente, estamos aqui para articular uma ação conjunta que contemple o Estado de Mato Grosso. Vamos fazer um grande acordo de coalizão. Taques: com licença.

Cena 11:

Do Governador Julier numa sessão do TCE: distinta platéia, desculpe o mau-jeito, mas não sei a quem me dirijo. Acho que vou falar direto pra TV que estou mais acostumado.

Cena 12:

O Governador Pedro Taques saúda a Assembléia Legislativa: Meus queridos companheiros e minhas queridas companheiras e...outros demais processados.

Cena 13:

Reunião do setor madeireiro com o Senador Julier: pois bem, Senador, é preciso defender os interesses dos empresários que desenvolvem Mato Grosso. Julier retruca: mas claro, já prendi muita gente com esses interesses, inclusive vocês já estão quase-quase.

Cena 14:

Encontro de cúpula do Tribunal de Justiça com o Governador Pedro Taques: O Judiciário Mato-Grossense está necessitando de mais verbas, Sr. Governador. Taques: para que?

Ato Final:

Sessão de abertura do ano judiciário. Justiça Federal. O Governador Julier discursa: “Caros Colegas”, um juiz logo interrompe: Alto lá, camarada: devagar com o andor que o santo é de barro – colega não! Cada macaco no seu galho.

Fecham-se as cortinas.

E assim finalizamos a nossa pequena especulação, reconhecendo que seriam impactantes esses dois novos personagens na política mato-grossense. Teremos um laboratório à disposição – como a política pode transformar uma personalidade ou uma personalidade pode transformar a política.

...

*Anacoluto Borges é e-leitor do Saite Bão

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