Antes, porém, de comentar sobre fatos atuais, e para corroborar a argumentação, trago um exemplo do passado recente, daqui mesmo de Mato Grosso, que mostra claramente o resultado da confusão feita entre tática e estratégia.

Um dos mais notórios deles se deu em 1998 quando Júlio Campos, que liderou as pesquisas durante a maior parte da campanha, se aliou ao PMDB, seu fidagal adversário, e até inimigo, até bem poucos anos antes.

O cálculo foi bem elementar: pela soma das intenções de votos dos candidatos a governador dos dois Partidos, só faltava mandar fazer o terno para a posse no Paiaguás. No entanto, o eleitor (o último consultado) recusou a aliança.

O resultado é o conhecido. Dante, já no primeiro turno, impôs uma derrota acachapante.

Este exemplo serve ainda para demonstrar que a aritmética em política nem sempre é uma ciência exata. Ou, por outra, entre ciência e arte, a política balança.

Por terem se equivocado quanto a isso e mais ainda por terem confundido tática com estratégia os protagonistas pagaram o preço do desastre.

Diante dessas observações, que especulações podemos fazer quanto ao quadro atual que mal se inicia?

Sob este viés, vamos procurar ver alguns fatos em curso na campanha que agora se está iniciando.

Uma nacional: o surpreendente crescimento de Dilma deve estar assustando aos tucanos. Ela já começa a atravessar o patamar dos votos “cativos” e a popularidade do presidente pode estar impulsionando, além do previsto.

Erros táticos: Serra demorou muito para se declarar formalmente candidato e atrasou a pré-campanha em áreas em que não é muito conhecido.

Erra agora, ao declarar que não criticará Lula. Ora, se Lula é o pai e o responsável maior, se não o único, pela candidatura que está crescendo, como deixar de confrontá-lo?

O PSDB, um partido cheio de professores, schoolars, cientistas políticos etc, está repetindo o mesmo erro da época do mensalão.

Lembram-se que diziam, a partir mesmo do sr. FHC, que a tática era deixar o Lula “sangrar em praça pública”, para melhor derrotá-lo nas urnas. O combate a ele então foi pífio, tanto no Congresso como na opinião pública, e o resultado é o que se conhece. (continua)

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*Sebastião Carlos Gomes de Carvalho é advogado, professor, escritor e membro da Academia Mato-grossense de Letras

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