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TEMA LIVRE : Sebastião Carlos Gomes de Carvalho

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Táticas... Táticas... 3: O dilema da Ética
13/06/2010

Um dos temas mais em voga hoje no país, particularmente em razão do ano eleitoral, é, sem dúvida, o da ética na política. Não sem razão. Aparte a indecente demagogia eleitoreira, conhecida e já tradicional, a bandeira da ética está sendo erguida por alguns dos setores mais esclarecidos da nação. A questão central, porém, é: até que ponto o princípio da ética, aquilo que alguns filósofos denominam de ética civil, está entranhada na alma do povo? Dessa indagação, fundamental do ponto de vista eleitoral, decorre a pergunta: a ética elege?

Quero trazer à baila, exemplificativamente, um caso, atual, existente entre nós, de possível descompasso entre a Ética e o voto. Este caso exemplar, evidente, e já notório, está sendo vivido pelo candidato ao Senado Pedro Taques. Deixou ele uma carreira promissora de Procurador da República para trilhar os ínvios e movediços caminhos da política partidária. A vida pública, na política partidária, obedece a uma lógica, a uma moral e possui componentes bem diferentes e de angulação diversa daquela a que estava acostumado profissionalmente. Isto certamente sabia ele de antemão. Talvez só não esperasse que a linha reta na política, muitas vezes é feitas de tantas curvas, que o caminho buscado parece ser impossível, quando não inútil. E quando a dimensão humanista se encontra tão distanciada da ação política como atualmente, quando a mediocridade e o jogo pequeno passam a ser a grand cause, e razão de sucesso na vida pública, aí então se percebe a distancia abissal entre o ideal, isto é, o que seria o melhor, e aquilo que é o factível. E é nesse abismo que tantos sucumbiram, e que muitos, lamentavelmente, preferiram, por comodismo ou por medo, dele se afastar.

Agora, Taques está enfrentando uma pesada tempestade que desaba sobre a sua cabeça, ameaçando de inviabilizar a sua candidatura. Uma tempestade, nascida, paradoxalmente, dentro de seu próprio grupo político. Ainda que, é necessário que se o diga, claramente, alimentada por nuvens forâneas. De quebra, a sua postura intransigente em defesa dos princípios éticos cria furos na coligação da qual faz parte. Mas, vejam o dilema no qual ele se encontra neste momento crucial para a afirmação de sua pretensão eleitoral: o ex-procurador não tem como não ser intransigente na sua postura pela Ética na política. Isto porque, qualquer, a mínima que seja, contemporização com aquilo ou aqueles que ele considera imoral ou antiético matará no nascedouro a candidatura. E, de quebra, ainda detonará a sua biografia. Afinal, a moralidade pública, se não é a única, é a sua principal bandeira, tão importante para ele, que abandonou uma carreira profissional de respeito e financeiramente segura. Não ser intransigente, representará colocar nos ombros uma bandeira já rota, rasgada, mal iniciada a batalha. Mas, com essa postura, paralelamente, faz aparecer um problema de vulto para o seu principal companheiro de campanha. Mauro Mendes precisa de votos. E voto é voto. Venha de onde vier, raciocinam, com inegável lógica, os políticos.

Eis então a questão posta, que é igualmente um dilema Ético: neste momento, ou seja, no atual nível de conscientização política da população, será possível conciliar compromissos éticos com apoios políticos efetivos de viabilidade eleitoral. Em outras palavras, uma campanha com base num programa de Ética Política (vejam as maiúsculas), com todas as implicações daí decorrentes, tem condições efetivas de tornar eleito aquele que defende semelhante programa?

Neste sentido é que o apoio que Mendes buscou no PP, um Partido que, sem dúvida, tem votos, teria sido de vital importância. Ocorre porém que é nessa agremiação que se encontram alguns dos maiores adversários de Taques. E aqui está, para mim, um exemplo clássico, da possível contrafação entre a política e a ética. E isto, tanto em suas causas derradeiras, quanto em sua metodologia. Se na ação política é possível certo equilíbrio, alguma contemporização, dois passos à frente e um atrás, um avanço e um recuo estratégico, em síntese, o famoso “jogo de cintura”, no campo puro da Ética cívica tal se afere impossível, pois a contemporização ou a simples aceitação de fatores não-éticos pode trincar definitivamente o cristal límpido do componente Ético. Em outras palavras: não existe, não pode existir, a ética de conveniência. Ou seja, eu não posso ser duro, combativo e intransigente com os males praticados pelo adversário e aceitar como comum, naturais e quase inofensivos, aqueles feitos por meus companheiros. Eu não posso me proclamar um candidato ético e aceitar apoios daqueles que, se não me apoiassem, seriam por mim tidos como pouco menos que demônios. Este tipo de “ética” oportunista é tão pior como a falta dela. E foi precisamente esta espécie de “ética de ocasião” que predominou, e predomina. Afinal, a admitirmos tal coisa, que avanço Ético estará havendo?

O candidato deve apostar no amadurecimento cívico da maioria da população ou o que está acontecendo hoje não passa de mais uma onda, como tantas que já existiram nos últimos vinte anos?

Eis então a questão posta, que é igualmente um dilema Ético: será possível conciliar compromissos éticos e apoios políticos efetivos com viabilidade eleitoral, isto é, com condições de tornar alguém eleito? Assim é que para Taques, Mauro e seus companheiros de jornada, e de resto para outros cidadãos que querem, honestamente, se porem a campo com essa tremulante bandeira, surge o dilema: abraçar a um, a Ética, e recusar a outro, os apoios políticos considerados espúrios, representará um erro tático ou estratégico? (continua)

...

*Sebastião Carlos Gomes de Carvalho é advogado, professor, escritor e membro da Academia Mato-grossense de Letras


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