capa | atento olhar | busca | de última! | dia-a-dia | entrevista | falooouu
guia oficial do puxa-saco | hoje na história | loterias | mamãe, óia eu aqui | mt cards
poemas & sonetos | releitura | sabor da terra | sbornianews | vi@ email
 
Cuiabá MT, 24/11/2024
comTEXTO | críticas construtivas | curto & grosso | o outro lado da notícia | tá ligado? | tema livre 30.947.940 pageviews  

Hoje na História Saiba tudo que aconteceu na data de hoje.

TEMA LIVRE : Sebastião Carlos Gomes de Carvalho

Outras colunas do Tema Livre

Um olhar vesgo e obtuso
29/06/2010

Semana passada, a Assembléia Legislativa promoveu uma inusitada audiência pública. A finalidade: debater as ações da Polícia

Federal e da Justiça Federal nas diversas operações realizadas nos últimos meses em solo mato-grossense. Disse inusitada, porque, pela primeira vez, se trouxe a público, e com algum estardalhaço, a discussão ampliada sobre decisões judiciais. Um tema de envergadura, ainda mais tendo em vista a qualificação institucional dos que o promoveram. Tradicionalmente, as decisões de juízes e de tribunais são debatidas no âmbito restrito dos autos processuais e, quando de repercussão, noticiadas pela imprensa. Desta feita, foi o espaço de uma instituição, em tese, de representação popular e de importância decisiva para a vida democrática, que serviu de palco para os debates. Todavia, curiosamente, a própria convocação da reunião já representava um parti pris, ou seja, já era manifestamente de anteposição às decisões que seriam debatidas. Ocorre que tal posicionamento pode dar a entender que se colocam em campos diametralmente opostos duas instituições fundamentais. E isso, sob qualquer angulação que se queira, é inadmissível.

Não pretendo, por hora, abordar os diversos aspectos envolvidos nesse posicionamento. Não pretendo, pelo menos não agora, entrar no mérito das questões levantadas. Algumas delas, só possíveis com o compulsar detalhado dos autos processuais. Outras, do conhecimento de um público mais amplo, que não o restrito dos advogados e seus clientes, e mais diretamente interessados. De todo modo, a crítica mais contundente amplamente defensável é aquela que aponta o viés político-partidário do juiz. Com efeito, ao longo dos meses, o magistrado permitiu, ou incentivou, ou até se calou, com relação às especulações que se fizeram em torno de uma sua possível candidatura a cargo eletivo. Só na undécima hora, até pela questão do prazo eleitoral, finalmente, e felizmente, foi descartada a candidatura. Toda essa situação, a que anteriormente já havia aludido (me lembro de um debate na Rádio Cultura ano passado), sem dúvida enfraqueceu a ação judicante e moralizadora do juiz. Feita esta ressalva, vamos ao que pretendo tratar.

Talvez, de todos, o argumento mais forte que se pretendeu colocar, tanto que foi o primeiro a ser apresentado na audiência, é o que disse dos pretensos “prejuízos econômicos” causados a Mato Grosso pelas diversas operações da Polícia Federal. Se quanto aos demais argumentos contrários, a nossa posição pode ser a de debatê-los amplamente, concordemos ou não com os seus fundamentos, para essa questão dos supostos “prejuízos econômicos” só nos cabe, digo, a aqueles de bom senso, de rechaçá-los liminarmente.

Basta! senhores. Não podemos reduzir tudo, como tem sido corrente em nossos tempos, a uma questão de ganhos ou perdas econômicas. Existem outros valores, até mais altos. E só isso já daria para uma instrutiva discussão. A propósito, por que não convocam uma audiência pública para debatermos esse aspecto da questão? Talvez fosse até mais instrutiva. Ora, é de uma pobreza mental e moral extraordinária querer quantificar a derrubada de uma floresta tendo por base apenas e unicamente a moeda, o seu valor primário. Uma árvore que levou dezenas de anos para crescer não pode ser, impunemente, derrubada em cinco minutos. E neste caso, há várias angulações possíveis que desmentem com eloqüência esse olhar vesgo e nefasto. A própria cultura agrícola consorciada, o aproveitamento da biodiversidade para o importante setor de medicamentos ou das pesquisas cientificas, a utilização dos planos de manejo para a melhor utilização de áreas ecúmenas, são argumentos decisivos contra essa visão caolha. Tudo isso, sem se falar na importância dos biomas para a melhor qualidade de vida humana.

Por ultimo, é imperioso que as pessoas entendam um princípio fundamental a nossa Carta Magna [artigo 225], que veio para ficar e que a distingue na história jurídica do Ocidente, é aquele que elevou a questão ambiental ao patamar de uma superior grandeza, dando sustentação a um novo Direito, que traz em seu bojo uma visão inovadora e diferenciada de humanismo e de ética. De todo modo, trata-se aqui de duas visões de mundo opostas, duas posturas diferenciadas diante da vida e da existência, enfim, o recorrente enfrentamento entre o passado e o futuro.

...

Sebastião Carlos Gomes de Carvalho é advogado, professor, escitor, integrante e ex-presidente da Academia Mato-grossense de Letras


OUTRAS COLUNAS
André Pozetti
Antonio Copriva
Antonio de Souza
Archimedes Lima Neto
Cecília Capparelli
César Miranda
Chaparral
Coluna do Arquimedes
Coluna do Bebeto
EDITORIAL DO ESTADÃO
Edson Miranda*
Eduardo Mahon
Fausto Matto Grosso
Gabriel Novis Neves
Gilda Balbino
Haroldo Assunção
Ivy Menon
João Vieira
Kamarada Mederovsk
Kamil Hussein Fares
Kleber Lima
Léo Medeiros
Leonardo Boff
Luciano Jóia
Lúcio Flávio Pinto
Luzinete Mª Figueiredo da Silva
Marcelo Alonso Lemes
Maria Amélia Chaves*
Marli Gonçalves
Montezuma Cruz
Paulo Corrêa de Oliveira
Pedro Novis Neves
Pedro Paulo Lomba
Pedro Pedrossian
Portugal & Arredores
Pra Seu Governo
Roberto Boaventura da Silva Sá
Rodrigo Monteiro
Ronaldo de Castro
Rozeno Costa
Sebastião Carlos Gomes de Carvalho
Serafim Praia Grande
Sérgio Luiz Fernandes
Sérgio Rubens da Silva
Sérgio Rubens da Silva
Talvani Guedes da Fonseca
Trovas apostólicas
Valéria Del Cueto
Wagner Malheiros
Xico Graziano

  

Compartilhe: twitter delicious Windows Live MySpace facebook Google digg

  Textos anteriores
26/12/2020 - MARLI (Marli Gonçalves)
21/12/2020 - ARQUIMEDES (Coluna do Arquimedes)
20/12/2020 - IDH E FELICIDADE, NADA A COMEMORAR (Fausto Matto Grosso)
19/12/2020 - 2021, O ANO QUE TANTO DESEJAMOS (Marli Gonçalves)
28/11/2020 - OS MEDOS DE DEZEMBRO (Marli Gonçalves)
26/11/2020 - O voto e o veto (Valéria Del Cueto)
23/11/2020 - Exemplo aos vizinhos (Coluna do Arquimedes)
22/11/2020 - REVENDO O FUTURO (Fausto Matto Grosso)
21/11/2020 - A INCRÍVEL MARCHA DA INSENSATEZ (Marli Gonçalves)
15/11/2020 - A hora da onça (Coluna do Arquimedes)
14/11/2020 - O PAÍS PRECISA DE VOCÊ. E É AGORA (Marli Gonçalves)
11/11/2020 - Ocaso e o caso (Valéria Del Cueto)
09/11/2020 - Onde anda a decência? (Coluna do Arquimedes)
07/11/2020 - Se os carros falassem (Marli Gonçalves)
05/11/2020 - CÂMARAS MUNICIPAIS REPUBLICANAS (Fausto Matto Grosso)
02/11/2020 - Emburrecendo a juventude! (Coluna do Arquimedes)
31/10/2020 - MARLI (Marli Gonçalves)
31/10/2020 - As nossas reais alucinações (Marli Gonçalves)
31/10/2020 - PREFEITOS: GERENTES OU LÍDERES? (Fausto Matto Grosso)
26/10/2020 - Vote Merecimento! (Coluna do Arquimedes)

Listar todos os textos
 
Editor: Marcos Antonio Moreira
Diretora Executiva: Kelen Marques