A Europa tem uma população superior a 750 milhões de habitantes. O Brasil está com quase 200 milhões de habitantes.

O Brasil possui mais escolas de medicina que toda a Europa. Temos 180 centros formadores de médicos no país.

E querem mais, muito mais.

A filosofia de tentar melhorar o ruim tornando-o maior tem seguidores fiéis. Existe uma equação matemática na cabeça de muitos que não bate com a realidade. E nem por isso se muda a situação.

Se a coisa está ruim vamos aumentá-la! Num exercício de alquimia procura-se a fórmula em que o ruim mais ruim fica igual ao bom.

Alguns jornais aqui da terrinha estão noticiando a criação de novos cursos de medicina no Estado. Um ardoroso defensor, creio que um deputado, saiu com a alegação que Rondônia possui mais faculdades de medicina que Mato Grosso.

Brilhante argumento. Temos que abrir faculdades de medicina porque existem Estados menores que o nosso com mais cursos. São esses senhores com pensamento rasteiro e desprovido de argumentação convincente que procuram ditar os caminhos da nossa população.

Se não bastasse um prefeito que em matéria paga de página inteira anuncia nos jornais a limpeza de cemitérios e boca de lobos, temos que nos preocupar com outros membros da política local. E preocupar com o que eles pensam.

A grande questão que é a construção de um hospital que supra as necessidades da população, permanece sem resposta.

Querer nos fazer de bobo ao inaugurar uma ala do pronto socorro municipal somente a atulhando de camas e cadeiras. É uma piada infame. Considerar cadeiras de fio como leito de internação é passar dos limites.

A única mudança observada nos últimos dias foi aumentar o que não funciona, dispondo de mais leitos unidades falidas e sobrecarregadas como o pronto socorro.

Despejar milhões de reais em hospitais privados para resolver filas de cirurgias é atestar a incompetência. Se foi aumentado os leitos das unidades públicas porque não aumentou-se o número de cirurgias? Essas cirurgias não podem ser realizadas em unidades do SUS?

A novidade que vem por aí já tem nome. Gestão.

Os problemas seriam decorrentes da gestão inadequada das unidades.

E vem por aí mais um puxadinho, mais uma sala vazia que colocarão algumas camas e anunciarão novos dez leitos, e por aí vai...

Questões pontuais resolvidas serão demonstradas como uma melhora global do sistema. O remanejamento de doentes do chão para cadeiras serão apontados como soluções magníficas. Uma mão de tinta numa sala velha servirá de modelo de transformação administrativa.

A mídia conivente fará festa. Terão que arrumar um espaço para mais uma placa junto a todas que Wilson Santos e seu sucessor sem voto inauguraram nas soluções ditas definitivas do pronto socorro.

E a solução é criar novas faculdades de Medicina. É fazer um novo puxadinho. É comprar camas e cadeiras de fio e anunciar mais dez, vinte ou trinta leitos. É gastar milhões em unidades privadas e não mudar nada no serviço publico.

Assim como o Brasil tem mais faculdades de medicina que toda a Europa, alguns encherão o estulto e ignaro papo e sonoramente cometerá parlapatices.

"Temos mais faculdades de medicina que Rondônia!"

Estaremos, portanto, todos salvos...

Ai Cuiabá! A turba ignara tomou o poder e só faz arrostar o correto.

...

*Wagner Malheiros é médico pneumologista em Cuiabá/MT

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