TEMA LIVRE : Chaparral

Inversão de valores
20/05/2001- Chaparral*

Tenho acompanhado, através da imprensa, a disputa entre o senador Antero e o prefeito Roberto França, pelo direito de ser o indicado para disputar a eleição para governo do estado pelo PSDB.

Até aí, tudo bem, mas o que mais tem me intrigado, é que essa disputa tomou uma dimensão (dimensão esta dada pela imprensa) que não corresponde à realidade.

Tentam passar para o eleitor que o escolhido nesta disputa, automaticamente, será o próximo governador.

Isto não é verdade.

Vale lembrar que essa é uma disputa interna e que o seu final poderá representar muito mais a desagregação do que a unidade.

Enganam-se aqueles que acreditam que o derrotado na prévia irá, democraticamente, assumir a candidatura do seu algoz.

Acreditar nisso, é acreditar no conto da carochinha. O preterido poderá até afirmar publicamente o apoio, mas na prática...

E quanto às oposições?

Estou me referindo no plural, porque temos mais de uma oposição.

A primeira não se difere do atual governo, apenas está fora do “bolo” e por isso apresenta-se como oposição. Entre eles não há diferença de projeto político e forma de governo, a corrupção permeia o seu dia-a-dia. Esta oposição fisiológica está muito bem representada pelo PFL, que nacionalmente tem sido um dos sustentáculos do PSDB.

A outra oposição, que eu considero séria, ética e comprometida com um projeto político capaz de alavancar Mato Grosso, tem o propósito de alcançar o poder, mas acima de tudo, de varrer do cenário político do nosso estado, essa prática nefasta que tem sucateado o serviço público de saúde, educação e segurança.

Derrotar o governo Dante é derrotar o que há de mais atrasado na política do nosso Estado. Essa oposição séria, propositiva e com ética está representada por um setor muito amplo (partidos políticos, entidades de classes, ONG’s...) e sem dúvida nenhuma será a grande sensação da próxima eleição.

Não há dúvida de que a vanguarda partidária que representa esse projeto aqui em Mato Grosso é o PC do B, PT, PDT e setores do PMDB.

Por isso, menosprezar essas forças é não conhecer a realidade política de nosso Estado e, ao mesmo tempo, estar distante do sentimento popular.

Não há dúvida que tanto Roberto França ou Antero, mesmo com toda a estrutura e os milhões de dólares (pertencentes ao Estado), terão muitas dificuldades para encarar o eleitor e se apresentarem como representantes do povo.

Não se assuste se, no segundo turno (que eu acredito que vai acontecer), o PSDB esteja sem o seu representante e ainda mais, participando como mero coadjuvante.

É esperar pra ver.

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