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TEMA LIVRE : Rodrigo Monteiro
Greve na UFMT
30/08/2011
A UFMT volta a entrar em greve, depois de 6 anos, sem usar desse instrumento de luta - legítimo, diga-se de passagem - para defender as reinvidicações das categorias docentes, servidores técnico-administrativos e discentes. Apoio incondicionalmente o movimento.
Os docentes exigem a equiparação das perdas salariais dos docentes aposentados, que ocorreram desde as gestões anteriores de FHC e Lula, passando pela atual administração de Dilma Rousseff. Além de exigir um reajuste salarial de 14%.
Os servidores técnico-administrativos exigem um plano de carreira, reajuste salarial e a retirada dos Projetos de Lei que propõem a terceirização dos hospitais universitários e o fim da estabilidade do funcionalismo público.
Os discentes exigem a melhoria na infra-estrutura da Universidade, como construção e manutenção de salas de aula, laboratórios e equipamentos; além de serem solidários às reinvidicações dos servidores docentes e técnico-administrativos.
A Reitoria, em vez de posicionar-se claramente à favor e defesa de sua comunidade universitária, prefere defender o partido, o governo. É compreensível. A atual gestão da UFMT é formada por profissionais que há anos não sabem o que é uma sala de aula, não procuram se reciclar e ensinar teorias novas aos alunos; preferem se rezevar em cargos de direção (CD) e funções gratificadas (FG), de natureza política. E graças à essas remunerações, eles não são como "o resto" dos atuais professores, que precisam sair à luta para a conquista de seus direitos.
Será que a docência é tão ruim assim, para que os atuais gestores da Universidade sintam vergonha da profissão que escolheram e devem toda a sua carreira?
Acredito que não. Acredito que a greve surgiu, principalmente, pela intransigência e ignorância dos representantes do governo federal; incluindo as figuras do ministro da Educação, do ministro do Planejamento e da atual reitora da UFMT.
Essas reinvidicações das categorias expõe a atual situação de nossa Universidade. É um fruto da atual má-gestão que vivemos, onde a UFMT se tornou um apêndice político do PT. A magnífica reitora e seu grupo político têm o dever moral de defender a sua comunidade e seus direitos - como no passado remoto, onde ela e seu grupo político, apoiaram greves em defesa dos trabalhadores da educação nos governos Sarney, Collor, Itamar e FHC.
Porque os dois pesos e duas medidas?
A reitora deveria ser a primeira a defender as propostas dos sindicatos junto ao MEC, se realmente ama a UFMT, como ela disse, quando candidata. E, não, tentar coibir a greve, se recusando ao diálogo.
Precisamos de alguém que lute pela gente, de alguém independente; e não de submissão e atrelamento, como vivemos hoje. São criados novos campus, inauguradas novas obras, enquanto faltam profissionais e equipamentos. E a população, vai sendo iludida, com tais fatos, se posicionando contra a greve. Chegamos à um impasse.
Independente do resultado da greve, precisamos de uma mudança de rumos em nossa Universidade, para podermos corrigir as falhas, que já somam 11 anos de atrelamento e submissão à corrente política chamada "lulismo", que na educação, só soube criar novas universidades - muitas, sem infra-estrutura (lembrando as obras faraônicas e inacabadas do governo Médici, tais como a Ponte Rio-Niterói, o Minhocão, o Elevado Paulo de Frontin e a Transamazônica), e acabar com a meritocracia: investindo nos "pirotécnicos" ENEM e no malfadado sistema de cotas, investindo na divisão de classes em nosso país.
Afinal, porque a reitora não se posiciona a favor das reinvidicações dos servidores técnico-administrativos, por exemplo, no que toca em relação à estabilidade do funcionalismo? Justo ela que usou desse expediente para ser concursada como docente da instituição por dois períodos (de 1973 a 1993, quando se aposentou) e (de 1994 à atualidade, quando prestou concurso novamente e foi aprovada).
Será que é a nova estratégia do PT para poder empregar a companheirada? E por que não defende a retirada do PL que trata da terceirização dos hospitais universitários? Pelos mesmos motivos que levaram os representantes da UFMT no Conselho Estadual de Saúde à aprovarem a OSS? Financeiros?
Respeito a decisão da reitora de se posicionar contrário à greve e de optar por um atrelamento ao MEC em vez da independência, contrariando à vontade de todos; mas, acredito, que ela faria bem melhor se desistisse de concorrer à reeleição e voltasse às salas de aula e projetos de pesquisa.
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*Rodrigo Monteiro foi discente da Universidade Federal de Mato Grosso
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