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TEMA LIVRE : Gilda Balbino
Corrupção
04/03/2012
Afirma-se que a corrução chegou a níveis inimagináveis nas democracias modernas. O comando da corrupção se verifica no entrelaçamento dos órgãos públicos, imprensa, empresas que se organizam em trustes, cartéis, etc, dentro de cujos limites permanecem, no limiar da ilegalidade.
Todos os dias nos deparamos com denúncias de favorecimento ilícito, tráfico de influência, propinas, desvio de verbas públicas e que culminam na exibição mediática dos acusados, dossiês sensacionalistas em época eleitoral ou denúncias por parte de funcionários ou auxiliares do governo, essa última se consolidando como prática reconhecida institucionalmente e também pela opinião pública.
Deve-se ressaltar que a prática da delação está vinculada aos momentos mais sombrios da história da humanidade.
Resta saber se esse recurso à delação voluntária ou premiada não induz também à corrupção ou ainda se torna um meio para o funcionamento da Justiça.
Os princípios fundadores humanistas e republicanos da educação sempre propuseram a formação de um ser humano mais feliz e melhor e não a falência da escolaridade e da ética como vemos nos nossos dias.
A ideologia dominante em uma sociedade é a da classe dominante, já nos ensinava Marx. E a classe dominante dos nossos tempos é a dos "novos ricos", aqueles que conhecem os preços de todas as coisas, mas desconhecem a linguagem própria das artes, dos saberes literários, dos bens culturais.
A flexibilização do sentimento de pudor, constrangimento, culpa na consciência moral social, afeta diretamente as relações familiares.
É um problema deixarmos a indignação diante de toda essa situação quando vemos a corrupção que mata como na saúde e nos transportes e elimina sonhos, pensamento crítico como na educação.
Os movimentos em defesa da natureza, o próprio modo como vivemos até hoje provocam variações no significado da vida social e coloca a natureza como pessoa jurídica de direitos.
A Declaração do Milênio em 2000, que visa a erradicação da pobreza e da miséria e o esforço governamental e supragovernamental em explicar índices comparativos entre as nações como o IDH-Índice de Desenvolvimento Humano, mensuram não apenas o nível econômico, mas os serviços básicos oferecidos à população.
Contudo, continuamos com fome e miséria em vários pontos do mundo e sob a ótica liberal a riqueza social seria conquistada pelo fortalecimento da produção, gerando empregos para a população.
E sob a ótica igualitária, as riquezas sociais já existem, devendo somente ocorrer a sua distribuição para acabar com a fome e a miséria.
As experiências históricas nos demonstraram os limites desses dois modelos.
Talvez nos falte dentro disso tudo a solidariedade que não se limita às liberdades individuais, nem à exclusão das mesmas mas que atravesse os países sem excluir sua soberania.
Resta saber se isso é para o futuro ou para o tempo presente.
A utopia surge na história da humanidade como um alerta crítico da realidade estabelecida, e o que aparentemente representa a história dos derrotados é apenas a história daquilo que iremos construir.
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Gilda Balbino é assessora parlamentar
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