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TEMA LIVRE : Luciano Jóia

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Alternativas há, ou alternativas hão?
23/08/2012

Se fosse hoje escrever um plano ou mesmo um programa de governo, para qualquer interesse federado, iniciaria pela Assistência Social. Não a Assistência Social substantiva como uma plataforma da proteção social, mas a imperativa, base primária para o desenvolvimento econômico.

O observar da União Europeia e o desenrolar das sucessivas crises recentes da sociedade salarial, não importa a nomenclatura que ela recebe: se de desordem nas relações capitalistas, de passado remoto; ou neoliberal de passado recente, com a desmercantilização do trabalho, ou se a atual de estrangulamento entre os ativos econômicos e o passivo social, impõe-me a crença de que o aprofundamento das desigualdades sociais conduz as estruturas territoriais ao colapso interno das relações sociais pacíficas, reproduzindo nas suas sociedades ambientes de defesas de auto sobre existência, que se refletem, necessariamente, de maneira negativa nas suas mais diversas formas institucionais de organização.

Tomando-se como um dado o momento atual dessa organização institucional, moldada para os tempos remotos, há que se questionar o porquê da omissão do estado nas questões sociais mais triviais: a segurança de coletivos, a saúde dos seus pares, e a educação dos convivas. A pergunta central para o questionamento seria: pra quê?

Para que se ter saúde, ser educado para o quê, e proteger o quê? – Hoje são esses os maiores dilemas de governantes experientes e novos aventureiros a gestão desses sistemas, se já não mais existe nas famílias, agora não são mais nucleares, mas as possíveis formas organizativas, as expectativas de futuro que foram todas obstadas nos comandos familiares?

Que expectativas de futuro poderá ter um filho, ou enteado, ou apenas um próximo de casal ficante, se o representante nuclear já sobre existe apenas para o dia de hoje? Sabe lá Deus de que meios se refaz em ‘vender o almoço para a compra do jantar’?

Esta reflexão nos remete a um projeto de desenvolvimento, e na minha limitação intelectual somente vejo desenvolvimento sob a hegemonia do capitalismo se ele for econômico, focado nas pessoas, na sua auto territorialidade, não apenas no espaço geográfico. Penso além: um projeto que seja, de fato, Humano.

No economês vulgar, um projeto de organização social sob a lógica da ‘oferta gerando sua própria demanda’. Ou no cuiabanês clássico, ‘cada um cum xô dele’. Na boa técnica de desenvolvimento econômico, de economias de aglomeração, não apenas de escala.

Essa lógica, me faço repetir, na particular limitação intelectual, remete todo o esforço operacional do teatro ao foco nas pessoas, suas limitações e potenciais, pessoais e de recursos disponíveis, mas não mais no futuro possível. Pelo menos quando me referir a 1/3 da população em Mato Grosso. Pode até ser menos de 20% em Mutum, mas o é mais de 70% em Lambarí.

E, como organismo de intervenção dos sistemas governativos, em Mato Grosso, somente a Assistência Social possui este mérito. Mas não ainda a atual, substantiva, e sim uma Assistência imperativa. Sei também que nesse jogo ninguém paga pra ver e já afirmei: como jogador, sou essencialmente limitado.

Mas continuo ‘achando’... E por achar, qual o seu plano de desenvolvimento?

...

Luciano Jóia é economista em Cuiabá


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