TEMA LIVRE : Gabriel Novis Neves

Corrupção e escolaridade
28/01/2016

A corrupção e a falta de escolaridade estão totalmente interligadas, como se irmãs siamesas fossem.

Países com baixos índices de corrupção são sempre os de maior nível de escolaridade.

Nunca chegaremos, portanto, num patamar inglês, em que a corrupção não existe como prática habitual e é sempre esporádica e fortemente punida.

Países de dimensões gigantescas como o nosso, contam com um nível muito baixo de escolaridade.

Claro que essa população mais interiorana não tem acesso às discussões públicas nem a uma imprensa totalmente livre das oligarquias locais, que continuam ditando o que deve ou não chegar aos leitores.

Isso tem mudado um pouco com o passar dos anos, mas as transformações são muito lentas, até porque não interessa à classe dirigente que as coisas evoluam de maneira diferente.

Para a sua subsistência é importante manter a “carneirada” nesse estado bruto cultural para que possam ser mantidos os currais eleitorais.

Temos o mau hábito de avaliar o comportamento brasileiro em função das grandes cidades, e essa é a melhor forma de termos um perfil falso do nosso país.

Basta olhar o nível geral da maioria de nossos congressistas, fieis representantes do que estamos falando.

Continuamos, e vamos continuar ainda por muitos anos, com um baixíssimo nível de escolaridade e, portanto, altíssimo de corrupção.

Decorre disso, a alta resiliência de nossa população às condições tão adversas de desenvolvimento. A baixíssima adesão a movimentos coletivos de fiscalização de nossa classe dirigente.

Dessa forma, essa classe dirigente é sempre o fruto desse legado colonial que vem nos aprisionando durante séculos e séculos, desde o nosso descobrimento.

Graças à nossa baixa escolaridade nos mantemos no chamado “estado de resiliência brasileiro”.

Tudo muito fácil de entender, mas difícil de aceitar dadas as enormes injustiças sociais que daí advém e que, pelo visto, mais difícil ainda se torna mudar esse quadro de horror.

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*Gabriel Novis Neves é médico obstetra, professor-fundador, primeiro reitor da Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, ¨ginecologista¨ estatutário e compulsório do Grupo Fazendas Reunidas Perereca Enterprise, Broadcasting & Corporation e nas -- poucas -- horas vagas, compositor.

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