capa | atento olhar | busca | de última! | dia-a-dia | entrevista | falooouu
guia oficial do puxa-saco | hoje na história | loterias | mamãe, óia eu aqui | mt cards
poemas & sonetos | releitura | sabor da terra | sbornianews | vi@ email
 
Cuiabá MT, 24/11/2024
comTEXTO | críticas construtivas | curto & grosso | o outro lado da notícia | tá ligado? | tema livre 30.948.079 pageviews  

MT Cards Que tal mostrar a cara de Mato Grosso?

TEMA LIVRE : Valéria Del Cueto

Outras colunas do Tema Livre

O CARNAVAL DO PLANETA FOME
23/02/2020

Se “a esperança brilha mais na escuridão”, como diz o samba enredo desse ano da campeã de 2019, a Estação Primeira de Mangueira, a estrela da Mocidade Independente, iluminada pela luz da homenageada na verde e branco da Vila Vintém, Elza Soares, a mulher do fim do mundo, projetará as visões do Planeta Fome na Sapucaí em 2020.

Porque o povo do samba anda com fome. Suas premências básicas estão presentes nos enredos das 13 escolas do Grupo Especial do Carnaval Carioca.

A primeira e mais ampla necessidade é de reconhecimento e respeito. Há quatro anos a vida do sambista vem sendo um purgatório com a ativa e operante participação do poder público carioca.

Deixando de lado o incentivo à maior fonte de arrecadação turística anual, a Prefeitura do Rio secou a fonte de recursos municipais para a festa que traz bilhões à cidade a cada temporada.

E não é só isso, ao usar o dinheiro público para alardear sua “política cultural” em comerciais institucionais, ela afasta investidores e possíveis patrocinadores.

Como a 3ª Lei de Newton, aquela que diz que “a toda ação corresponde uma reação com a mesma força em sentido contrário” ainda está em plena validade nesses tempos de terra plana, o povo do samba fez do limão uma limonada partindo para enredos autorais.

Também é fato que nessa seca as escolas da região metropolitana, situadas em outros municípios, ainda têm uma carta na manga.

Suas próprias prefeituras que não estão na mesma cruzada que o alcaide do Rio.

Então, a Viradouro de Niterói, a Beija-flor de Nilópolis e a Grande Rio de Duque de Caxias, não estão tão no sufoco. O que não leva seus enredos a desafinarem ou deixarem de estar em sintonia com o Planeta Fome...

DOMINGO

A veterana Rosa Magalhães é a responsável pelo enredo com o título mais sintético da temporada. Com “Pedra” a escola de samba vencedora do Acesso retorna ao grupo de elite do carnaval carioca.

Partindo da pedra fundamental do maior espetáculo da terra, a própria Estácio de Sá, o assunto mira na primeira fome da noite: a da preservação do meio ambiente.

O garimpo traz o ouro, a cobiça dos mortais / Peneirar, peneirar / Devastando a natureza no Pará dos carajás / Da lua, de Jorge, eu vejo o Planeta Azul chorar

“Viradouro de alma lavada” apresenta Maria do Xindó, lavadeira e uma das matriarcas do grupo musical As Ganhadeiras de Itapuã. O intérprete Zé Paulo Sierra cantará as mulheres e sua fome de voz e liberdade.

A alforria se conquista com o ganho / E o balaio é do tamanho do suor do seu amor

Leandro Vieira tenta o bi campeonato da Mangueira com “A Verdade vos fará livre”. Imaginando como seria a volta de Jesus nos dias de hoje, a fome de amor já foi crucificada antes mesmo do desfile em polêmicas sobre a proposta verde e rosa e ameaças como as vividas há mais de 2 mil anos atrás.

Favela, pega a visão / Não tem futuro sem partilha / Nem Messias de arma na mão...

É no alto do Paraíso do Tuiuti que acontece um encontro inusitado. Com “O Santo e o Rei, encantarias de Sebastião”, o carnavalesco João Vitor Araújo, fala da fome de dias melhores para o Rio.

A cidade das mazelas / Pede ao Santo proteção / Grito o teu nome no cruzeiro / Oh, Padroeiro! Toda a minha devoção!

A Grande Rio cantará João da Goméia, “Tata Londirá – o canto do caboclo no quilombo de Caxias”. A fome que vem de Duque de Caxias é de mais tolerância religiosa.

Pelo amor de Deus, pelo amor que há na fé / Eu respeito seu amém / Você respeita o meu axé

Laíla e sua comissão de carnaval composta por Fran-Sérgio e Cahê Rodrigues estão dando um sacode na União da Ilha.

“Nas encruzilhadas da vida; entre becos e vielas, a sorte está lançada. Salve-se quem puder” A fome explícita é a de oportunidades iguais.

Eu sei o seu discurso oportunista / É a ganância, hipocrisia / O seu abraço é minha dor, seu doutor

Eu sei que todo mal que vem do homem / Traz a miséria e causa fome / Será justiça de quem esperou

A Portela encerra a primeira e mais longa noite dos desfiles falando da Guanabara original em “Guajupiá, terra sem males”. Renato e Márcia Lage desenvolvem o tema que expressa a fome de justiça para os “índios” brasileiros.

Borduna, tacape e ajaré / Índio pede paz mas é de guerra / Nossa aldeia é sem partido ou facção / Não tem “bispo”, nem se curva a “capitão”

SEGUNDA

“O Conto do Vigário”, de Jorge Silveira, enredo da São Clemente, apresenta ao carnaval um novo compositor, o humorista Marcelo Adnet na parceria vencedora. Entre outras demandas, o destaque é a fome da verdade, um protesto contra fake news e seus nefastos resultados tão bem conhecidos por aqui.

Brasil, compartilhou, viralizou, nem viu! / E o País inteiro assim sambou / “Caiu na fake news!”

Na Vila Isabel, Edson Pereira traz “Gigante pela própria natureza: Jaçanã e um índio chamado Brasil”. A fome é da nossa identidade cultural, tão plural e miscigenada.

Índio filho da mata / Dono do ouro e da prata / Que a terra-mãe produziu / Sou eu! / Mais um Silva pau de arara / Sou barro marajoara / Me chamo Brasil

O palhaço Benjamim de Oliveira será “O rei negro do picadeiro” do Salgueiro. Alex de Souza fala sobre a fome de igualdade racial.

Arma o circo, chama o povo, Salgueiro! / Aqui o negro não sai de cartaz / Se entregar, jamais!

De Paulo Barros, novamente nos braços da Unidos da Tijuca, “Onde moram os sonhos”, aborda a arquitetura. As características do morro do Borel destacarão a fome de moradia digna.

Eu sou favela!!! / O samba no compasso é mutirão de amor / Dignidade não é luxo, nem favor

A penúltima escola de samba a desfilar é a Mocidade Independente de Padre Miguel. Ela cantará uma ilustre moradora da Vila Vintém, “Elza Deusa Soares”, aqui a letra do samba fala por si só.

Brasil, enfrenta o mal que te consome / Que os filhos do planeta fome / Não percam a esperança em seu cantar

Quem encerra os desfiles do Grupo Especial é Beija-flor. Com “Se essa rua fosse minha” a comissão de carnaval composta, entre outros, pelos carnavalescos Cid Carvalho e Alexandre Louzada vem de Nilópolis daquele jeito.

Juntando a fome de liberdade religiosa a vontade insaciável chegar a mais um título...

São tantas promessas de um peregrino / É crer no milagre, sagrados valores / Em tantos altares, em tantos andores / A vela que acende, a dor que se apaga / A mão que afaga se torna corrente

Ordem dos desfiles:

Hoje, domingo: Estácio de Sá, Viradouro, Mangueira, Paraíso do Tuiuti, Grande Rio, União da Ilha, Portela

Amanhã, segunda: São Clemente, Vila Isabel, Salgueiro, Unidos da Tijuca, Mocidade, Beija-Flor

...

@no_rumo do Sem Fim...
Carnevale Rio

Cineminha no youtube
Plataformas de photodesign @delcueto.studio
colab55/@delcueto
redbubble/delcueto


OUTRAS COLUNAS
André Pozetti
Antonio Copriva
Antonio de Souza
Archimedes Lima Neto
Cecília Capparelli
César Miranda
Chaparral
Coluna do Arquimedes
Coluna do Bebeto
EDITORIAL DO ESTADÃO
Edson Miranda*
Eduardo Mahon
Fausto Matto Grosso
Gabriel Novis Neves
Gilda Balbino
Haroldo Assunção
Ivy Menon
João Vieira
Kamarada Mederovsk
Kamil Hussein Fares
Kleber Lima
Léo Medeiros
Leonardo Boff
Luciano Jóia
Lúcio Flávio Pinto
Luzinete Mª Figueiredo da Silva
Marcelo Alonso Lemes
Maria Amélia Chaves*
Marli Gonçalves
Montezuma Cruz
Paulo Corrêa de Oliveira
Pedro Novis Neves
Pedro Paulo Lomba
Pedro Pedrossian
Portugal & Arredores
Pra Seu Governo
Roberto Boaventura da Silva Sá
Rodrigo Monteiro
Ronaldo de Castro
Rozeno Costa
Sebastião Carlos Gomes de Carvalho
Serafim Praia Grande
Sérgio Luiz Fernandes
Sérgio Rubens da Silva
Sérgio Rubens da Silva
Talvani Guedes da Fonseca
Trovas apostólicas
Valéria Del Cueto
Wagner Malheiros
Xico Graziano

  

Compartilhe: twitter delicious Windows Live MySpace facebook Google digg

  Textos anteriores
26/12/2020 - MARLI (Marli Gonçalves)
21/12/2020 - ARQUIMEDES (Coluna do Arquimedes)
20/12/2020 - IDH E FELICIDADE, NADA A COMEMORAR (Fausto Matto Grosso)
19/12/2020 - 2021, O ANO QUE TANTO DESEJAMOS (Marli Gonçalves)
28/11/2020 - OS MEDOS DE DEZEMBRO (Marli Gonçalves)
26/11/2020 - O voto e o veto (Valéria Del Cueto)
23/11/2020 - Exemplo aos vizinhos (Coluna do Arquimedes)
22/11/2020 - REVENDO O FUTURO (Fausto Matto Grosso)
21/11/2020 - A INCRÍVEL MARCHA DA INSENSATEZ (Marli Gonçalves)
15/11/2020 - A hora da onça (Coluna do Arquimedes)
14/11/2020 - O PAÍS PRECISA DE VOCÊ. E É AGORA (Marli Gonçalves)
11/11/2020 - Ocaso e o caso (Valéria Del Cueto)
09/11/2020 - Onde anda a decência? (Coluna do Arquimedes)
07/11/2020 - Se os carros falassem (Marli Gonçalves)
05/11/2020 - CÂMARAS MUNICIPAIS REPUBLICANAS (Fausto Matto Grosso)
02/11/2020 - Emburrecendo a juventude! (Coluna do Arquimedes)
31/10/2020 - As nossas reais alucinações (Marli Gonçalves)
31/10/2020 - MARLI (Marli Gonçalves)
31/10/2020 - PREFEITOS: GERENTES OU LÍDERES? (Fausto Matto Grosso)
26/10/2020 - Vote Merecimento! (Coluna do Arquimedes)

Listar todos os textos
 
Editor: Marcos Antonio Moreira
Diretora Executiva: Kelen Marques