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TEMA LIVRE : Ronaldo de Castro

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Renúncia light ou melado no beiço do povo
20/06/2001- Ronaldo de Castro*

Caso do levantamento do teor do voto de cada senador na votação secreta do Senado determinante da cassação do mandato do senador peculatário Luis Estevão, em 28.06.2000, continua envolto oficialmente na densa nuvem da ocultação de informações.

Explica-se: a renúncia dos senadores José Roberto Arruda e Antonio Carlos Magalhães foi para passar melado no beiço do povo e pode ter havido até acerto nesse sentido, que em todo o imbróglio não foi explicitado o fato principal; quem pediu, mandou, autorizou ou sugeriu a chamada “violação do painel eletrônico”?

(Na realidade, não houve violação, mas troca de programa através de outro disquete, com extração posterior de cópia da lista contendo o teor de cada voto).

ACM pode até ter pedido a Arruda que pedisse à sra. Regina Borges, diretora do Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado Federal (Prodasen), a indigitada “violação do painel”.

Mas é hipótese, convenhamos, que ACM não teria maior interesse direto no conhecimento do teor de cada voto individual.

Mas o alegado pedido de ACM, se houve, não absolve Arruda, que não tinha obrigação formal de obedecer e delinqüir.

Como líder governista no senado, Arruda só poderia atender a determinações da bancada do PSDB, do próprio partido político ou do Planalto, isto é, do governo do partido. Aí, bem. E aí tem.

E a pergunta permanece: quem pediu, mandou, autorizou ou sugeriu?

Aqui, alguns detalhes interessantes:

1) Arruda não é alheio à computadorização eletrônica, ou seja, não é burro de computador. É engenheiro elétrico. Seu “curriculum” na vida pública inclui cargo de secretário de Modernizaçao Administrativa e Informática do Ministério de Minas e Energia, em 1985. Ou, em outras palavras: Arruda sabia onde e como meter a mão;

2) Em 22.02.2001, ACM, em revelações gravadas a três procuradores da República, na sede da Procuradoria da República em Brasília, afirmou, na bucha: “Eu tenho a lista com o nome das pessoas que votaram” e “a senadora Heloísa Helena votou contra a cassação”. (Jornal do Senado, n° 1.304,25.05.2001, pág. 6).

Quando da cassação do senador peculatário Luís Estevão – sublinhe-se -- a dita senadora era líder do Bloco de Oposição.

3)Em 19.04.2001, em reunião do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, o senador José Eduardo Dutra (PT-SE), novo líder do Bloco de Oposição, revelou conversa com Arruda sobre viabilidade de violação do painel e que ACM, no dia posterior ao da cassação do senador peculatário Luís Estevão, asseverou a ele, Dutra: “Sua líder não votou com a gente”, ou seja, não votou pela cassação. (id.ib.).

4) Aqui ninguém fala nada,é transcrição do ocorrido momentos antes da renúncia de Arruda ao mandato senatorial: Embora houvesse usado os adjetivos “covarde e cruel” para classi-ficar a atitude de seus acusadores, foi justamente dos se-nadores José Eduardo Dutra (PT-SE) e Heloísa Helena (PT—AL) que Arruda recebeu as maiores atenções antes de iniciar o seu discurso. Ainda na sala de cafezinho dos senadores, con-tígüa ao Plenário, recebeu de Heloísa um abraço fraternal..(Jornal do Senadoi, n° 1.304, 25.05.2001, pág. 3).

5) O senador Ramez Tebet (PMDB-MS), presidente do Conselho de Etica e Decoro Parlamentar durante essa mixórdia, depois da renúncia de Arruda e ACM foi convidado para ser ministro de Integração pelo presidente FHC, que aprontou outra encenação ou melada no beiço do povo com o processo contra ACM por ser chamado de ladrão. Literalmente.

Em tempo: aqui ninguém fala nada. A conclusão, cada um tire a sua, que o pranto é livre.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.

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