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TEMA LIVRE : Talvani Guedes da Fonseca

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Quem tem medo de Karl? -- III
17/11/2005

Ao aplicar outra perspectiva, o materialismo histórico, dialético, diz o companheiro Jacob Gordender (e este, o é!) Karl trouxe a alienação do céu para a terra, para, a luz do materialismo histórico, explicar a história da sociedade com fatos essencialmente econômicos, em que as relações sociais interligam-se às forças produtivas e são estas, no fim, modificam todas as relações sociais, “porque o determinismo econômico vem antes de qualquer idealismo”.

Antes do ´homo erectus`, ´habilis` ou ´sapiens´, o fator econômico é a condição determinante.

Portanto, mais do que a minha revolta ou meus motivos morais, éticos ou intelectuais, juntos, eu sei que é a economia o que muda e vai mudar a história, sobretudo numa época em que o cidadão deixou de sê-lo, para ser e ter direitos de e como consumidor; e é nessa estranha época destruidora da natureza que faço votos para que o mais rápido possível as teorias de Karl, Engels e Lênin e Ortega y Gasset nos levem às necessárias e inevitáveis rebeliões das massas e ao fim do capitalismo.

“As crises cíclicas”, dizia Karl, “acompanham o capitalismo como sua pele insuperável, até que haverá o fim”.

Karl e Engels interpretaram tudo na sociedade como resultado de fenômenos econômicos, para concluir que a produção sempre é social, que nasce de um desenvolvimento histórico, daí elaborarem uma antítese, o socialismo científico, caminho certo para a humanidade fugir desse círculo vicioso, de dominantes e dominados, com a estatização dos meios de produção e a eliminação da propriedade privada. A constatação dele é cristalina, o proletariado, os filhos que os pobres produzem, mas que não são prole, apenas “força de trabalho!”, daí falar-se tanto da necessidade de “gerar empregos”: enquanto existirem capitalistas para explorá-lo, não deixará de ser proletariado.

Este é o d(eu)s que sobrou para mim e para humanidade, o materialismo, princípio do reconhecimento de que o fato primário é a matéria, e a consciência, o secundário; é um d(eu)s que permite penetrar na essência dos mais complexos problemas da vida, da filosofia, da natureza e do homem, abrindo perspectiva a um processo histórico que mudará a existência humana e nos levará à construção de uma sociedade melhor, sem distinção de raças, sexo, igualitária e coletiva, como a sociedade primitiva, que será fraterna, terá boas leis, em que a criança poderá sorrir, o trabalhador terá sua casa, seu trabalho, e que poderá descobrir o quanto é belo viver e não somente trabalhar, trabalhar, trabalhar em nome do consumismo!.

Numa definição do próprio Lênin, o comunismo seria a realização prática do sonho idealista de Immanuel Kant, filósofo alemão, do Iluminismo, de um reino no qual os homens não são tratados pelos outros homens como meios.

Karl o descreveu não como um fim, como o início da verdadeira História feita pelos homens, conscientemente, e haverá um longo caminho até lá.

Numa primeira etapa, de transição para o socialismo científico, cabe ao Estado, ainda que burguês, com sua moral, dogmas e normas, a missão fundamental de planejar a economia e socializar os bens de produção.

Foi com o Estado que surgiram as leis para regulamentar quem deve ser o que no interior da sociedade, quem deve trabalhar e quem não precisa trabalhar.

No contexto histórico do homem, nos primórdios, havia um espírito de coletivismo, todos compartilhavam da mesma terra, não havia propriedade privada e até a caça era compartilhada por todos, porque as pessoas que estavam inseridas nesta comunidade sempre se preocupavam umas com as outras, em prover as necessidades uns dos outros, mas, com o passar do tempo, o homem, veio a escravidão, e o escravo foi usado para servir exclusivamente ao seu senhor.

Quando o capitalismo e o Estado receberem o golpe de morte das mãos do proletariado, e percebam que não há referência à classe média emergente do operário industrial, refiro-me à massa, o verdadeiro proletariado, aí, ocorreria uma fase de transição denominada ditadura do proletariado; e quando a propriedade privada for abolida e as classes deixarem de existir, então o próprio Estado será extinto e aí chegaremos ao comunismo que, por sinal, existiu, na antigüidade.

Será o socialismo de Estado, quando os bens de produção pertencerem ao Estado; quando os indivíduos possuírem apenas bens de consumo e, segundo Engels, o Estado terá desaparecido, passado a pertencer ao museu de antiguidades da História, ao lado do machado de bronze e da roca de fiar.

Será quando passarmos a uma etapa melhor ainda, o verdadeiro comunismo, meta final da evolução histórica, retorno às primeiras comunidades humanas, igualmente comunistas, onde não haverá classes sociais, ninguém viverá da propriedade, todos viverão do seu trabalho, o sistema de salário será extinto, cada pessoa trabalhando de acordo com sua capacidade e recebendo uma quantia proporcional às suas necessidades.

A essência da sociedade comunista será pagar conforme as necessidades de cada um e a cada qual será dado conforme sua força e a cada um conforme a necessidade, cada qual recompensado segundo seus méritos. Quem falou isso, na mesma época de Karl, foi um anarcomunista, Priotr Kropóktin, no livro A conquista do pão.

Já se falava em comunismo muito tempo antes do Manifesto.

Platão, o primeiro homem a explicar que o regime econômico é a origem das desigualdades sociais, em A República falou que o igualitarismo amenizaria os conflitos de interesses entre a sociedade e o Estado.

Seria um comunismo em que a propriedade seria comum.

Quase 20 séculos depois, na Inglaterra, Thomas More pregou a sociedade em que a produção seria coletiva.

A diferença entre Karl e os outros está no que ele disse, o que importa não é interpretar o mundo, mas transformá-lo.

Karl relacionou todo o comportamento humano à economia e a cada dia que passa fica mais claro que as relações econômicas sempre interferem na política, na arte, na ética, em tudo.

A sorte da humanidade foi que Karl era um homem de ação e que, partindo desta posição, ele não só pensou em uma sociedade igualitária, uma sociedade sem classes e também na forma de transformá-la, a maneira como fazê-lo e a prática revolucionária adequada, voltada para uma revolução que pudesse construir uma república democrática verdadeira, numa sociedade passível de ser construída cientificamente.

Primeiro ele dividiu a sociedade em duas classes, opostas diametralmente, a burguesia, uma classe supérflua, mas “dona” do produto social, e o proletariado industrial, e estabeleceu uma norma, que quando os meios de produção puderem ser usados nas quantidades que a humanidade realmente necessita e com a propriedade privada totalmente abolida, a sociedade será transformada de forma gradual, porque a história humana é um processo de desenvolvimento constante.

Apesar da luta de classes, a evolução da sociedade avançará para melhor.

Que ninguém duvide!

A emancipação da classe operária, urbana e rural, será realizada por elas próprias e esta mudança da ordem social existente, poderá ser alcançada pela violência ou não.

O próprio Karl sempre disse que é de se desejar, e logicamente os comunistas seriam os últimos a se opor a isso, que a abolição da propriedade se dê através de métodos pacíficos, e sempre achei e demonstrei na prática, que a questão do uso da violência deve ser discutido, porque os tempos mudaram.

Lenine, que para mim quer dizer prática, “praxis”, disse que, sem derrotar o capital, será impossível uma paz verdadeiramente democrática, que não seja imposta pela violência — seja no Iraque, onde for.

...

*Talvani Guedes da Fonseca é jornalista e escritor norte-rio-grandense.



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Comentários dos Leitores
Os textos dos leitores são apresentados na ordem decrescente de data. As opiniões aqui reproduzidas não expressam necessariamente a opinião do site, sendo de responsabilidade de seus autores.

Comentário de Serafim (azimut@brturbo.com.br)
Em 17/11/2005, 20h22
Tripa Gaiteira -2
Companheiro, já viu a Veja "descobrindo" um tal de Steven Levitt que "explica" o relacionamento humano a partir da economia e não cita o mano Karl nem uma vezinha? Parece que o flibusteiro já lançou mão na cara dura.Conhece aí alguma praga bem forte?

Comentário de Serafim (azimut@brturbo.com.br)
Em 17/11/2005, 20h16
Tripa Gaiteira -1
O cabra é porrêta, vou me mudar pro Rio Grande do Norte. Ainda existe vida inteligente nesta porra de planeta!

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