Bem, debelado o surto de frescurite aguda, vamos finalmente revelar o que vem a ser o tal Psari Me Kolokythia. Um leitor apressadinho sugeriu que se tratava de um convite hedonista, tipo assim Me Coloca no Colinho da Titia. Imaginação insana e desajustada! Foram tantas as dicas inseridas (êpa!) no corpicho do texto que só os mais abestados não vieram a entender.

Psari Me Kolokythia vem a ser nada mais, nada menos, que um saboroso peixe com abobrinha, digno de falastrões gulosos como os freqüentadores do Covil e adjacências. A receita é simples e o Rolf está um expert no quitute.

Anota aí:

4 postas de pintado de 200g cada, sal e pimenta-do-reino preta, moída, a gosto (depois agüenta...), suco de 2 limões, meia xícara de chá de azeite de oliva, 3 cebolas médias, picadas, 4 dentes de alho, picados (se estiverem cariados num tem problema, não, manda ver assim mesmo), 4 tomates devidamente deflorados, sem pele e sem sementes, cortados sadicamente em quadradinhos (Jack, o Estripador, diz a lenda, costumava servir esse prato às suas vítimas, pra você ver), uma colher de chá de salsinha picada, 2 colheres de chá de aneto (não faço idéia do que seja, vê aí no Google) picado, uma colher de chá de folhas de hortelã picadas, 1 pitada de canela (pode ser cotovelo, se estiver com o pé sujo), uma colher de chá de açúcar, uma xícara de chá de água e, finalmente, 2 abobrinhas pequenas com casca, cortadas em rodelas finas.

Sentiu o drama? Viu como a coisa é séria?

Agora, antes que fique de porre bebericando a cada vírgula da receita, vamos partir, como dizia El Comandante Fidel, para a execução!!! Paredón com a receita, paredón!!! Desculpe, acho que tomei uns copos de rum a mais.

Fi-nal-men-te, vamos ao modo de fazer:

Tempere o peixe com sal, pimenta e limão. Coloque ali de ladinho, na fila de espera do sacrifício. Prepare o molho. Esquente metade do azeite e refogue a cebola e o alho até começarem a ter um surto psicocromático, mudando de cor. Meta nessa mistura os cretinos dos tomates, a assanhada da salsinha, o misterioso aneto (que diabo será isso?), a enrugadinha hortelã, a canela ou o cotovelo (dependendo da validade do teu banho), o açúcar e a água. Deixe se descabelarem no fogo durante uns 20 minutos, sem dó nem piedade, jogue sal e pimenta e coloque lá ao lado do peixe, de castigo, senão leva porrada!!!

Agora dê uma de mágico e esquente a outra metade do azeite (pode escolher se a de cima ou de baixo, tanto faz) em outra panela e refogue as postas de peixe. Coloque lá no cantinho do castigo.

No mesmo azeite, que deve estar melecado de peixe, refogue as fatias de abobrinha. Essas nunca mais se metem a bestas perto duma panela!

Monte o prato (não é pra subir em cima dele, ô pessoa! Por favor, um pouco mais de respeito com os gregos ou vai virar cavalo de Tróia) num refratário que não seja muito paranóico nem homicida e possa ir ao forno e à mesa sem se transformar em homem-tocha nem churrasquinho. Agora, coloque primeiro uma camada de abobrinha, depois, as postas de peixe. Em seguida, o molho. Leve ao forno moderado, tipo esses partidos de aluguel que não pularam a cláusula de barreira, até que esquente muito bem e cessem os gemidos das carpideiras e dos derrotados. Sirva bem quente que é pros apressadinhos queimarem a língua e você poder ficar com uma parte mais substancial pra se regalar à vontade. E bom apetite! Ah, dá pra 4 pessoas, mas se quiser fazer um esforço extra, pode dar pra muito mais. Você é quem sabe, uai!

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*Serafim Praia Grande é ¨sócio-atreta¨ da Equipe Olímpica do Saite Bão

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