Ninguém sabe exatamente por quê – há apenas muitas especulações a respeito; algumas bastante fundadas – o ministro Edson Fachin devolveu a Rodrigo Janot a delação de Lúcio Funaro, o mais novo candidato a integrar a galeria dos heróis do Ministério Público Federal.
Sabe-se somente que vem uma chuva de flechas contra peemedebistas graúdos, incluindo Michel Temer. E quem as envia, por óbvio, é o procurador-geral.
Fachin pode – notem bem: pode!!! – ter aprendido alguma coisa com a experiência. Depois do vexame do acordo celebrado com Joesley Batista, parece que o relator não está disposto a sofrer uma nova onda de descrédito.
Mas o que dizem, afinal, essas fundadas especulações sobre a devolução? Já chego lá.
Quando o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou a revisão das metas fiscais de 2017 até 2020, ampliando a previsão de rombo das contas públicas, o mercado dava como certo que a nota de classificação de risco soberano do Brasil fosse rebaixada imediatamente pelas principais agências de rating.
Não só isso não aconteceu, como a Standard & Poor’s (S&P) retirou a nota brasileira da situação de observação negativa, o que implicava em rebaixamento iminente do rating.
Ou seja, paradoxalmente, a S&P melhorou a avaliação de crédito do Brasil num momento em que o governo anunciava uma trajetória pior para os resultados fiscais primários. E como isso foi possível?
Influenciada pelo aumento da informalidade no mercado de trabalho, a taxa de desocupação do país caiu 0,8 ponto percentual, em relação ao trimestre encerrado em abril e fechou o período maio a julho deste ano com taxa de desemprego de 12,8%.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados hoje pelo IBGE. No trimestre imediatamente anterior, encerrado em abril, a taxa de desemprego havia sido de 13,6%.
Publicada no domingo, no alto da primeira página deste jornal, uma pesquisa do Instituto Ipsos trouxe mais uma notícia ruim: uma acentuada erosão de credibilidade que atinge nomes de expressão da vida pública brasileira.
Representantes dos poderes da República e políticos de renome (alguns deles possíveis candidatos nas eleições presidenciais do ano que vem) estão mal na fita. O que isso quer dizer?
Por iniciativa do ministro Walton Rodrigues, o Tribunal de Contas da União decidiu investigar e mapear professores de escola pública fora da sala de aula. Auditoria do TCU atesta que no ensino médio 70.000 professores estão nessa situação.
No ensino básico é ainda pior: 380 mil têm gratificação de 40% para dar aulas, mas estão cedidos a outros órgãos. Cerca de meio milhão de professores devem ser obrigados a dar aulas. Ou terão de devolver a gratificação recebida ilegalmente.