O “mês das bruxas” passou, mas as bruxarias e flechas envenenadas continuam cruzando o ar seco, irrespirável, de Brasília. Em contagem regressiva para deixar a PGR, Rodrigo Janot faz uma guerra de nervos, disparando flechadas virtuais contra o presidente Michel Temer enquanto não vem a flechada real (e que ele pretende, ou insinua, como mortal).
Desta vez, nem a oposição nem o barulhão feito por empresários e meia dúzia de analistas conseguiram impedir a aprovação na Câmara dos Deputados da Medida Provisória 777 que criou a Taxa de Longo Prazo (TLP).
Não se impressione com as siglas nem com esse tema, aparentemente árido. Essa TLP veio para tomar o lugar da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo).
A diferença entre uma e outra não é apenas o sumiço de um J. Essa matéria, agora sob exame do Senado, produzirá impacto sobre seu bolso, dependendo da decisão que vier a ser tomada.
O caso, para relembrar em poucas linhas, se deu na Avenida Paulista, de dia, dentro de um ônibus.
Um homem se masturba e ejacula (sim, isso mesmo) no pescoço de uma moça, que consegue reagir e, com a solidariedade de todos, prender o indigitado, que então é levado para uma delegacia e em seguida para uma audiência de custódia.
Passa a noite na prisão. No dia seguinte é libertado como se nada tivesse acontecido. (Dois dias depois é preso de novo, fazendo a mesma coisa. Diz que um acidente de carro o deixou assim. Já pensou? Acidentes de carro criando tarados!)
O PSDB nasceu com uma chave ideológica clara: o republicanismo (luta contra as iniquidades causadas por privilégios e abusos corporativos e clientelistas) e o primado do interesse coletivo sobre o particular.
Isso, entretanto, não equivalia à defesa cega das leis do mercado nem à crença no intervencionismo estatal.
Já estava claro que a reeleição de Dilma Rousseff em 2014 se baseara em discursos mentirosos e informações fraudadas, pois as condições de vida da população se deterioravam.
O impeachment retirou do poder aquela que o ocupava com base numa vitória eleitoral conquistada por meio de uma campanha mentirosa.
Mas só agora surgem dados consistentes, e baseados em estatísticas oficiais, que comprovam a inescrupulosa manipulação de indicadores econômicos e sociais pelo lulopetismo para permanecer no poder.
Há uma semana o noticiário político do país se ocupa em anunciar que até um dia antes do feriado da Independência o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, vai apresentar nova denúncia contra o presidente Michel Temer.
O fato é, de fato, só o anúncio de um provável fato. Mas o uso de um sucedido não acontecido tem sido suficiente para criar fatos.
Temer pode vir a ser denunciado novamente e tudo indica que será. Pode ser culpado, virar réu, ser condenado. Não é disso que se trata.
A questão central é que os fatos deveriam determinar o processo, e não a conveniência do denunciante – no caso, Rodrigo Janot, cujo mandato expira em 14 dias corridos.
E que, acelerado contra o tempo, empenha-se em divulgar que tem em mãos fatos futuros.