CRÍTICAS CONSTRUTIVAS

Dardanelos está nas mãos do neo-mega-ambientalista Maggi
29/08/2005 - Marcos Antonio Moreira -- fazperereca@yahoo.com.br

Estamos diante de um estadista no governo -- aquele que pensa nas geração futuras...

...Ou diante de alguém que só pensa na geração de energia -- e soja, claro; de um mercantilista sem escrúpulos, um arrivista ganancioso, um frio mercenário, disposto a qualquer coisa pelo lucro pessoal imediato?


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Caberá ao governador-empresário Blairo Borges Maggi escolher a adjetivação que será acrescentada à sua biografia, quando chegar a hora de decidir o destino do Salto Dardanelos, a mais linda cachoeira do Estado, uma das mais belas do Brasil e com características únicas no mundo, ameaçada de desaparecer para sempre com a construção da Usina da Morte, no município de Aripuanã, coração da Amazônia de Mato Grosso.

O empreendimento da construtora Norberto Odebrecht prevê a implantação de um imenso duto de aço, que vai sugar todo o leito do rio, no alto da sucessão de penhascos, para levar a água por gravidade até a casa de força.

O polêmico projeto -– que acaba com um dos principais cartões de Mato Grosso e do Brasil – é do interesse do Grupo Amaggi que, além de maior produtor de soja do país é, também, o maior produtor privado de energia no Estado, pois a construção da usina de 250 megawatts, como vimos no segundo artigo desta série, irá “justificar” a implantação de um “linhão” naquela região da Amazônia e que vai viabilizar economicamente diversos outros projetos de PCHs da Amaggi Energia, já aprovadas pela Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica.

Apesar de ter o Relatório de Impacto Ambiental -- Rima, descaradamente maquiado – as inúmeras desvantagens do empreendimento apontadas no Estudo de Impacto Ambiental “desapareceram” – uma das pré-etapas já foi cumprida no último sábado, com a realização de uma “audiência pública” na cidade de Aripuanã, que o promotor de Justiça da Comarca local tentou impedir, sem sucesso.

Superada aquela etapa, o caso da Usina da Morte deverá ser submetido à apreciação do Consema – Conselho Estadual de Meio Ambiente, onde, formalmente, estão representados todos os setores da sociedade civil organizada.

Objetivamente, contudo, tais segmentos “representados” no Consema não têm nenhum poder de decisão, por obra e graça de uma das tantas manobras anti-povo perpetradas na calada da noite durante a Era Dantesca -- aprovadas, como de hábito, pela Assembléia Legislativa de Mato Grosso --, que, na prática, coloca o Conselho Estadual de Meio Ambiente a serviço dos interesses do governante de plantão -– no caso, agora, o governador-empresário Blairo Borges Maggi.

Salvo altas reviravoltas no caso – tipo um improvável posicionamento público contrário por parte de lideranças e da mídia local ou uma muitíssimo provável reação da imprensa nacional e entidades brasileiras e internacionais -– a Usina da Morte vai se transformar em realidade, no que depender do empresário-governador Blairo Maggi -– aquele mesmo que considera “patriótica” a devastação do Cerrado e da Amazônia e substituir tudo pela monocultura da soja...

...E no que depender, também, da “torcida organizada”, vamos resumir assim, da generosa construtora Norberto Odebrecht, que alega, entre outras sandices, ser “uma questão de interesse nacional” a destruição do Salto Dardanelos.

Um pequeno “detalhe”, contudo -- na verdade, um vacilo --, pode reduzir a projetada Usina da Morte a apenas uma longa noite de pesadelos, com a decisão sobre a implantação da hidrelétrica acabar remetida para Brasília, conforme veremos amanhã, aqui mesmo nestas Críticas Construtivas, no nono artigo desta série exclusiva do SuperSiteGood.

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