CRÍTICAS CONSTRUTIVAS

Transfusão ilegal de recursos prolonga o coma do MT Saúde
06/10/2005 - Marcos Antonio Moreira -- fazperereca@yahoo.com.br

Saudado em verso e prosa como “modelo nacional”, o MT Saúde -- uma das jóias da coroa de Soja Majestade -- está em coma há meses e só não veio a falecer ainda, vítima de infecção generalizada, por obra e graça de uma “transfusão” ilegal de recursos públicos.

Idealizado para assumir a parte de atendimento médico do mal-cheiroso Ipemat, o MT Saúde nasceu com o nobilitante propósito de oferecer ao servidor público estadual e respectiva família a mesma qualidade dos melhores planos privados de saúde -- uma espécie de Unimed de Botina, vamos dizer assim.


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Até aí, tudo bem.

O servidor público merece.

Acontece, meu bem, acontece que para “gerenciar” a coisa, foi contratado um plano privado recém-lançado, o SesiVida -- sem a menor experiência e nenhuma tradição no ramo, portanto.

Com o dinheiro repassado mensalmente, o Sesi -- ligado à Federação das Indústrias – pretendia alavancar um outro projeto, um parque aquático localizado no bairro Morada do Ouro, em Cuiabá, que também acabou micando ou está bem longe da pretensão original de se transformar numa versão bororo do Xuxa Parque e assemelhados.

Resumo da ópera:

A “administradora” deixou de pagar os médicos conveniados e a “solução” foi a de sempre: avançar no bolso do contribuinte para o MT Saúde não quebrar – pelo menos até o final da próxima campanha eleitoral, “para não prejudicar as investigações”, digo, para não prejudicar a recandidatura do governador Blairo Maggi e também a candidatura a deputado federal do ainda secretário de Indústria e Comércio, Alexandre Furlan – casualmente também presidente da Federação das Indústrias, que “toca” o SesiVida e o tal parque aquático.

Pior:

O governador lançou mão de recursos do SUS – Sistema Único de Saúde, ou seja: dinheiro que seria aplicado no atendimento médico da população mais pobre, está sendo usado para salvar um plano privativo dos servidores e administrado por uma empresa privada.

Pior ainda:

Por razões eleitoreiras.

O surrealismo da coisa não pára aí -- ação entre amigos à parte:

Por obra e graça dessa solução mággica, digo, solução mágica, naquele outro país a Oeste de Tordesilhas, onde puta goza, cafetão se apaixona, pistoleiro vai à missa e onde acontece coisa que até no Paraguai dá cadeia, está se passando o seguinte:

Até servidor público que trabalha em hospital público recebe atendimento médico em hospital privado – porém com todas as despesas pagas com dinheiro público ou seja, do SUS.

Com a palavra o Ministério Público Federal.

...

Leia no próximo final de semana, aqui mesmo nestas Críticas Construtivas:

Consórcios Rodoviários -- mais uma jóia (falsa) da coroa de Soja Majestade.

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