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CRÍTICAS CONSTRUTIVAS

Linhão da Usina da Morte vai atravessar reservas indígenas
02/09/2005 - Marcos Antonio Moreira -- fazperereca@yahoo.com.br



O maior crime ambiental do Século XXI está pronto para ser executado no coração da Amazônia de Mato Grosso e tem como alvo o Salto Dardanelos – um dos mais belos cartões postais do Estado e do país e um santuário ecológico com características únicas no mundo, conforme vimos ao longo desta série exclusiva.

Os principais sicários – a construtora Norberto Odebrecht, o Grupo André Maggi e a Eletronorte, todos em conluio com a Agência Nacional de Energia Eletrica – contam, para tanto, com o silêncio cúmplice das ditas “forças vivas” – e bota “vivas” nisto! – da sociedade civil mato-grossense e também da Curadoria Estadual de Meio Ambiente, do Ministério Público Federal e do Ministério do Meio Ambiente, que, em tese -- pelo menos são regiamente pagos para tal -- deveriam zelar por aquele imponente patrimônio ecológico de raríssima beleza cênica e cuja preservação é de interesse vital para pelo menos duas espécies de aves.


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Salvo uma manifestação isolada do promotor de Justiça do município de Aripuanã – o local do crime --, nenhuma outra autoridade da área ambiental ousou abrir a boca – a começar da ministra Marina Silva, que hoje passa o dia em Cuiabá em reunião com representantes dos Estados da Amazônia Legal; mesmo comportamento do “representante” de Mato Grosso no MMA, o secretário de Desenvolvimento Sustentável, Gilney Vianna.

A Universidade Federal de Mato Grosso – que descortinou para o mundo a beleza do Salto Dardanelos – continua ensimesmada. Sua única participação no episódio se deu de forma indireta, através de dois professores convocados como peritos pelo promotor de Aripuanã.

Aliás, depois que um “pesquisador” da UFMT se prestou ao papel de oferecer um “trabalho científico” segundo o qual “as baías do Pantanal secam a cada 500 anos” – isto para “justificar” o esgotamento da Baía de Chacororé, no Pantanal de Mato Grosso, sabidamente por obra do contínuo vai-vém de barcos em uma de suas vazantes – barcos estes pilotados por novos ricos da Era Dantesca --, não se pode esperar grande coisa. Como também não se pode esperar nada por parte dos mil ongueiros que por aqui abundam – maior parte deles fregueses de carteirinha do bam-bam-bam de plantão no Paiaguás.

Da Secretaria de Meio-Ambiente – cujo titular é nomeado por um dos principais interessados da destruição do Salto Dardanelos, na construção da “Usina da Morte” e do linhão que irá viabilizar ecomicamente as inúmeras Pequenas Centrais Hidrelétricas do Grupo Amaggi na região Noroeste de Mato Grosso – dispensável qualquer comentário.

Da Curadoria de Meio Ambiente do Ministério Público Estadual não se ouviu um pio, até agora, idêntico comportamento do Ministério Público Federal, apesar do envolvimento de órgãos e estatais federais – Aneel, Eletronorte e BNDES, que vai financiar o linhão da Usina – linhão este que, necessariamente, terá de abrir um imenso picadão através de territórios indígenas e áreas de preservação permanente sob guarda da União, seja qual for a direção que se pretenda estender os fios.

Da parte de “nossos” representantes no Congresso Nacional e na Assembléia Legislativa – independentemente de partidos, ideologias e sexos – observa-se o que se pode definir como uma “operação padrão” quando se está em jogo interesses de generosas empreiteiras: não vêem, não escutam e não falam.

O Consema – Conselho Estadual de Meio Ambiente, legalmente extinto por conta de um vacilo do governador do Estado, pouca ou nenhuma importância tem no processo, até porque sempre serviu de boneco-de-ventríloqüo do Executivo e, quando vier a ser reinstituído, não vão faltar voluntários em agradar o poderoso de plantão.

A “valorosa Imprensa”... melhor deixar pra lá!

A reação ao primeiro grande crime ambiental do Terceiro Milênio se resume – por equanto – à rede mundial de computadores, pois já virou “corrente” na Internet e, inapelavelmente, mais dia, menos dia, vai chegar às paginas da imprensa nacional e mundial e, daí, às instituições multilaterais de financiamento, tipo Banco Mundial, IFC e que tais.

Com certeza, então, mas só assim, diante de mais uma ameaça de boicote internacional aos produtos de Mato Grosso e do país, vai cair a ficha, pois o bolso, comprovadamente, é a única parte do corpo que essa gente tem algum “sentimento”.

Leia mais sobre a Usina da Morte, amanhã, no décimo segundo artigo desta série, aqui nestas Críticas Construtivas.

  

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Comentários dos Leitores
Os textos dos leitores são apresentados na ordem decrescente de data. As opiniões aqui reproduzidas não expressam necessariamente a opinião do site, sendo de responsabilidade de seus autores.

Comentário de beija-flor (beija-flor@net.com.br)
Em 02/09/2005, 08h42
Voz solitária?
Pode ter certeza, que não!
Não estamos tão cegos assim. Ainda deve haver um pouco de respeito nesse país.( Ou não?)

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