CRÍTICAS CONSTRUTIVAS

A desmoralização da Certificação Ambiental ISO 14.001
03/10/2005 - Marcos Antonio Moreira -- fazperereca@yahoo.com.br

Desde que “converteu” ao ambientalismo, toda a política de Meu Ambiente do governo do Estado foi colocada a serviço dos interesses do grupo André Maggi.

Até aí, nenhuma novidade, até porque desde o início, toda a estrutura do governo de Mato Grosso está a serviço do grupo empresarial herdado por Soja Majestade -- fato “absolutamente natural”, segundo artigo psicografado pelo (ainda?!!!) secretário José Carlos Dias e que lhe valeu o bem remunerado emprego na Secom.


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Aliás, logo na primeira mensagem à Assembléia Legislativa o sr. Blairo Borges Maggi disse a que veio, ao propor a redução da alíquota do ICMS do farelo e do óleo degomado de soja – proposta que só não prosperou porque denunciamos o golpe, aqui mesmo no SuperSiteGood, mais exatamente na bat-calúnia Curto&Grosso.

Se aprovada a mensagem, o Grupo Amaggi e multinacionais associadas economizariam qualquer coisa parecida com 40 milhões de reais/ano – exatamente o dobro do gasto declarado ao TRE, durante a campanha de 2002, pelo então candidato Blairo Borges Maggi.

Em quatro anos, teríamos aí uma baita ¨garfada¨ no Erário Estadual de 160 milhões de reais.

Desde então, praticamente não há uma iniciativa governamental que não atenda a esse objetivo “estratégico”, vamos dizer assim.

Por coincidência, foram priorizados os Consórcios Rodoviários que resultaram na pavimentação das rodovias estaduais que cortam propriedades do governador -- os demais estão parados por falta de verba...

... A tal “Oficina Única” tem como único fornecedor de peças um cunhado do governador...

...Na Secretaria de Trabalho e Cidadania só não falta dinheiro para o curso “profissionalizante” de operador de máquinas agrícolas – plantadeiras e colheitadeiras de soja, claro...

...A Secretaria Estadual de Cultura, na prática, só opera com dinheiro repassado pelas tradings associadas e pela multinacional dos transgênicos, objetivando conquistar corações e mentes da inteligentzia bororo e da cuiabania...

...Instalada há dez meses, a CPI que apura – ou deveria apurar – a transferência ilegal de recursos dos municípios pobres da Baixada Cuiabana para os ricos municípios produtores de soja, conseguiu a façanha de não ouvir ninguém, até agora, só para não convocar o secretario estadual de Fazenda – que é funcionário do Grupo Amaggi, como também são empregados ou agregados os secretários de Sáude, Casa Civil e Desenvolvimento Rural, além dos ordenadores de despesa das demais secretarias e autarquias.

Até as famigeradas Expedições Estradeiro tinham por objetivo explorar novos caminhos para os interesses logísticos do Grupo Amaggi.

Não surpreende, portanto, que também a “nova política” de Meu Ambiente esteja a serviço de Soja Majestade.

Só que, agora, “Meu Rei” estrapolou:

Descaradamente tenta cooptar o Ministério Público para salvar o cetro e coroa de “Rei da Soja” e livrar da bancarrota o império que herdou do pai.

Colocou na Secretaria de Meu Ambiente, digo, Secretaria de Meio Ambiente um promotor – que não se pejou em aceitar a “nobre missão”, embora, por dever de ofício, tenha a obrigação legal de fiscalizar os atos do governo...

Mais:

Entupiu o Consemaggi, digo, Consema, de ONGS amestradas – incluindo um assento para a Fundação Mato Grosso, que o sr. Blairo Maggi fundou, juntamente com as tradings associadas e multiplicadores de sementes transgênicas...

Pior ainda:

Na pratica, transformou a Curadoria de Meio Ambiente do Ministério Público num órgão de assessoramento e parceira na realização de eventos -– a ponto de o titular passar mais tempo na Sema que no próprio local de trabalho, no MPE...

Enfim, “amarrou a boca do sapo” – com o consentimento do sapo, ao que tudo indica.

Tudo isto, visando acelerar o processo de certificação ambiental ISO 14.001 do grupo Amaggi, sem o que não vai conseguir um puto da banca internacional -- que agora exige a certificação, além do aval do IFC, o braço privado do Banco Mundial --, dinheiro este obtido a juros que variam de 3 a 4% ao ano e que ¨Meu Rei¨ repassa aos “queridos parceiros” produtores de soja pelos módicos juros de 15 a 18% ao mês -- ¨taxinha camarada¨ capaz de fazer corar até o sinistro ex-comendador João Arcanjo.

Pior:

Sem a certificação ambiental ISO 14.001, a trading do grupo Amaggi não vai conseguir exportar um único grão de soja para o ressabiado mercado externo e, fatalmente, será engolida pela Büng, ADM ou Cargill.

Trocando em miúdos:

Todo esse aggiornamento na área de meio ambiente – incluindo a súbita conversão do sr. Blairo Maggi à causa -- visa “azeitar” e acelerar o processo de obtenção da ISO 14.001, sob pena de se transformar no ex-Rei da Soja.

A farsa está armada:

Uma ONG amestrada, especializada em “consultoria” nesta área -- contratada pelo Grupo Amaggi, obviamente -- vai certificar o cumprimento de todas as etapas...

...O promotor Marcos Machado – secretário de Maggi --, vai presidir a reunião do Consema, em que o caso será analisado e...

...O Consema – controlado pelo Grupo Amaggi – se bem conheço o meu gado -- vai aprovar tudo, sem contestação.

Estará consumada, assim, a desmoralização da Certificação ISO 14.001.

É o que está programado para acontecer.

A menos que a curador do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual venha a arguir a suspeição da ONG amestrada que está cuidando do processo de certificação; do colega promotor; da maioria dos membros do Consema e até a existência legal do próprio Consema.

A conferir.

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