Antes de tudo, um recomendável exercício de avivamento da memória. Minha queridíssima comadre, estimado compadre, fiel e-leitora, zeloso e-leitorado, autoridades civis, militares, eclesiásticas, mais pessoas gradas e pooovo em geral:

Alguma vez na vida – vale de mamando a caducando – vocês ouviram, leram ou viram na TV a cotação do tabaco? Ou sobre os estragos em tais lavouras pela seca, chuva ou qualquer outro desastre natural ou provocado?

A rede Globo, em horário nobre ou pobre, por um acaso, na campanha "Agro é Pop, é Tech, é Tuuudo!" já enalteceu a importância e a geração de empregos na cadeia do fumo – um dos produtos agrícolas mais consumidos no mundo?

Pois é... Por que será? Será por quê a oscilação de preços de algo tão valioso não "se aparece" na Bolsa de Chicago ou qualquer outra – o que só ocorre com o diamante? Aí tem! Ah, se tem! E não é boa coisa, claro.

Posso esclarecer? Es-cla-re-ce-rei! Por uma simples e boa razão: a "Nicotiana tabacum" – o nome científico da planta – é cultivada em pequenos espaços em volume insignificante, daí o não registro de perdas expressivas na mídia.

O preço nas grimpas – elevadíssima carga tributária à parte – corre por conta da reduzidíssima oferta. O que realmente vale no metiê é o chorume que exsuda dos rolos de fumo. Esse "mel" é que faz virar "tabaco" quaisquer vegetais.

Estará bem perto de gritar "bingo!" quem apostar que a matéria-prima é o "miolo" do talo de bananeira. Triturada e seca, a mistureba resulta nos "fumos nobres", recheio dos cigarros mais caros. No Paraguay vale até capim gordura.

Bueno... O que isso tem a ver com a maconha? Negócio seguinte, bródi: se manso ou do companheiro capeta ambos são tragados e a fumaça tóxica faz um pit-stop na vaga dos pulmões, por que os dependentes têm tratamento diverso?

Enquanto seca e verde os primeiros são patrulhados sem trégua, barrados em ene ambientes e bombardeados com pesquisas científicas assustadoras, o pessoal do "tapa na pantera" desfruta de regalias legais e semânticas.

Por que um é enxotado e outro mimado com expressões do tipo "uso recreativo", se o ingrediente de um tem origem legal – embora toscamente "maquiado", como vimos – e do outro manifestamente ilegal e criminosa?

Entendido no assunto, o ministro do Supremo, Luís Barroso – que não se perca pelo sobrenome – chegou à minudência de estabelecer o teto de gramas a partir do qual a perambulação com e a posse da erva passam a ser configuradas crime.

Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o FHC, por sua vez, pasme!, contraria a índole da tucanalha e desce do muro, mas só quando a substância está em causa. E cita de cor e salteado o custo-tabagismo nas duas pontas.

São R$ 1 mihão/vida para quem fuma "só" uma carteira de 20 unidades/dia e exatos R$ 338.692.516,02 – representando 27,6% dos custos totais – se consideradas as internações e procedimentos de quimioterapia pagos pelo SUS...

São números grandiloquentes, porém, uma merrequinha se comparados à roubalheira do PT – a maior da História do Universo. De toda forma, impressionantes para todo vivente com pretensão de subir aos céus sem sentimento de culpa.

Modéstia às favas, é o caso do locutor que vos fala – não inventamos religião, novos partidos, ONGs... Tentamos viver honestamente. Falta apenas abandonar o tabaco e aderir à maconha, para ter sossego e não pesar ao contribuinte.