capa | atento olhar | busca | de última! | dia-a-dia | entrevista | falooouu
guia oficial do puxa-saco | hoje na história | loterias | mamãe, óia eu aqui | mt cards
poemas & sonetos | releitura | sabor da terra | sbornianews | vi@ email
 
Cuiabá MT, 24/09/2024
comTEXTO | críticas construtivas | curto & grosso | o outro lado da notícia | tá ligado? | tema livre 30.766.607 pageviews  

MT Cards Que tal mostrar a cara de Mato Grosso?

comTEXTO : Acerto de Contas

OUTRAS PUBLICAÇÕES
31 de Março, 1964
Acerto de Contas
Representação fictícia de fatos reais
20/08/2005- Talvani Guedes da Fonseca



CAPÍTULO CCXXVII

¨Eu ainda não sei, Isabel, se a busca de d(eu)s é uma busca ou uma fuga da realidade¨...

...¨Não se preocupe com isso¨, disse ela, ¨se você tiver que acreditar em d(eu)s, acreditará; d(eu)s é equilíbrio e harmonia e um dia todos nós chegamos nisso, mas eu queria falar outra coisa, mais ou menos dentro desse assunto. A verdade não se deixa cercar por muito tempo, amor. Eu acho que somente depois de muitos anos é que saberão a verdadeira história do que está se passa agora, em Natal. Certas coisas só são vistas à distância. Com o passar do tempo, muita coisa subirá superfície. Fica tranqüilo, amor. Como eu já disse, os fatos que tiverem que acontecer. Acontecerão¨...

...¨As pessoas têm necessidade de religião porque vivem numa época de medo; d(eu)s, disse ele, é usado para justificar tudo. É por isso que reverenciam símbolos, retratinhos, estatuetas, tudo para entender a realidade, e fazem da fé um meio de manipular a vida e o próprio d(eu)s em que crêem. E cada qual enxerga d(eu)s de um ângulo, mas, no fundo, no fundo, o homem é seu próprio d(eu)s. E quem chegou mais perto de tudo o que é d(eu)s foram os hebreus. Eles não têm imagens de Adonai nem escrevem seu nome¨...

...¨Por que não escreves d(eu)sa, também?¨, perguntou Isabel...

...¨Claro, pode ser assim, a d(eu)sa é a natureza, que eu venero, sem a qual ninguém viveria¨... ...Como se travasse consigo mesmo um diálogo silencioso, Isabel meditava gravemente...

...¨Somos ainda muito pequenos em inteligência para entrar no aprendizado do universo. A minha verdade é mais uma dentre tantas. Ainda não conhecemos sequer a beleza deste nosso mundo, a terra, um pontinho minúsculo no meio de uma galáxia com mais de 400 bilhões de estrelas, num universo com 300 bilhões de galáxias. E pensar que, na época em que Einstein elaborou a teoria da relatividade, pensava-se que havia apenas 28 galáxias! Hoje podemos supor que cada estrela é um sol, e que cada qual tem sistemas solares próprios, além de planetas em volta de si. Somos frações do universo, menores do que as menores partículas da poeira cósmica. Me desfaleço de grandeza na comunicação com o todo, e digo, estou aqui. Posso me comunicar com d(eu)s, vibrar no mesmo diapasão, porque não há nada que esteja fora do alcance dele, e se Ele consegue o que quer, quando quer, eu também posso conseguir. Não posso encontrá-lo porque é ele quem encontra a gente; d(eu)s é uma dimensão dentro de cada um de nós, e é isso o que procuro, me comunicar com ele, pedir não que mostre a face, pois eu não posso vê-la, sou muito pequena para poder almejar algo que está além da minha capacidade. Que permita que eu me mostre a Ele. Creio nesse d(eu)s absolutamente mágico, algo assim como a planta que está contida na semente e a ave no ovo, ou a maior parte contida na menor. Somos e não somos d(eu)s mas, de todo modo, estou a serviço dele e da humanidade¨...

...¨O que existe além do universo, Isabel? Outro d(eu)s?¨...

...Ela não respondeu...

...Sua sede de conhecimento do destino da humanidade estava exposta numa pilha de livros composta de leituras filosóficas orientais sobre o cosmos, caprichosamente arrumada na prateleira...

...No silêncio que substituiu a resposta, ela olhou-o demoradamente e acendeu outro incenso...

...Todas as manhãs, bem cedo, antes de vestir-se Isabel manuseava um grosso volume de capa azul, que repousava numa mesinha ao lado da Bíblia, jogava três moedas, desenhava um hexagrama e só então saía para a faculdade...

...¨É o I Ching, meu oráculo¨, disse, ao surpreendê-lo manuseando-o... ...¨é utilizado desde a mais remota antigüidade¨...

...¨Eu sei, já li a respeito dessa filosofia chinesa. Tem mais de 3 mil anos e parece que voltou à moda¨...

...Isabel parou, fixando-lhe um olhar meio perplexo, meio indagativo...

...¨Você não acredita, não é? O livro é baseado em honra e ética, para os amantes do autoconhecimento. Utilizo-o como oráculo e dele também tiro a compreensão das minhas intuições, faço-o sem rituais, como você deve ter notado. Acendo um incenso quando o uso¨...

...Isabel portava-se nos menores gestos em paz, segundo leis próprias da consciência e do amor no coração...

...¨O céu é a terra multiplicada milhões de vezes, e a terra é um cantinho do céu. Por isto, eu digo que estamos no céu, não é?¨...

...Enganara-se ao querer entender os feitiços que o amarravam à meiguice de Isabel, extraordinariamente mágica. Restavam algumas coisas que ela não deixaria passar...

...¨Há algo que eu quero lhe falar, o mejor, quiero conversar, lhe fazer umas perguntas. Es verdad que fuistes del Partido Comunista?¨...

...¨Que bom que você perguntou, Isabel! Há tempos espero alguém me fazer esta pergunta. Sim, sou comunista! Pertenci ao Partido Comunista Brasileiro por mais de 12 anos e orgulho-me disso!¨...

...¨Como pôde? Ainda é comunista?¨...

...Ele tomara algumas cervejas antes de chegar e, sentindo-se dominado por um renovado e fresco ânimo, não demorou a responder, bem devagar, como se cada palavra devesse ser pensada com muito cuidado, pois fazia pelo menos três anos que não falava com ninguém sobre o assunto, exatamente porque, naquela época, ninguém parecia querer saber de política, marxismo ou comunismo, exceto Samuel e pela forma como o olhava Isabel, sabia disso. Embevecida, sorria com a negritude absoluta do seu olhar cheio de carinho...

...¨A gente nunca deixa de ser, e as palavras emergiam do passado¨...



CAPÍTULO CCXXVIII

¨Quando você se tornou comunista¨?...

...¨Comecei sem muita teoria, interessei-me pelo socialismo como uma espécie de antídoto ao pieguismo católico da minha família, mas, na realidade, aprendi muito observando, quando pulei no marxismo fui direto para a prática. Fiz a escolha porque para mim o marxismo é a única coisa em que acredito, é algo com que consigo me identificar, a motivação de tudo o que faço, conscientizou-me de que é possível, que é a única coisa capaz, que pode acabar com a miséria, a exploração, de fazer com que cada um trabalhe para viver, não para acumular. O que era que Karl Marx queria? Uma nova sociedade para todo os homens. Foi o marxismo quem me deu consciência, vi isso na campanha de alfabetização em Angicos, eu sentia e acreditava no que estava fazendo, pregando aos meus alunos que viviam, sempre viveram na derrota, e não o fiz como se desse esmolas, foi para fazer com que cada um acordasse. Mas o anticomunismo é muito forte, em Natal, sabe? É uma cidade de pouca atividade econômica, pacata, viveu perdida nesse litoral esquecido da costa nordestina, só passou a existir depois da 2ª Guerra, e a televisão, como já disse, só chegou aqui na década de sessenta. Até os 13, 14 anos, eu sabia pouco ou nada de comunismo, por isso, a transição que passei foi curiosa, mas, como já disse, acho que tornei-me comunista por raiva de padre¨...

...Ela riu...

...¨Não, estou brincando, foi quando tive idade suficiente para entender as coisas por conta própria, movido pela justiça, depois do que aconteceu comigo quando era criança nas férias que eu passava na fazenda de um tio, foi o começo de muitas das mudanças na minha evolução política e emocional. Embora eu vivesse muito tempo num mundo de fantasia, dos heróis das revistas em quadrinhos e dos seriados das matinês de domingo, Tarzan, Durango Kid, Kyowa, sempre destoei intelectualmente e estive acima da média dos meus amigos, dos meus colegas de classe, e desde o início da minha vida tive afinidades com quem é do contra e com o passar dos anos fui vendo que as pessoas não eram como eram por terem nascido desse ou daquele jeito ou naquele berço nem por determinismo, mas que, se nós lutássemos contra a exploração, tudo aquilo poderia mudar. Sempre me identifiquei com o povo, com o modo como vive. Pelo menos fiz o que acreditava e achava certo, eu queria mudar o mundo e o marxismo mostrava o que estava por baixo das aparências, como o mundo funciona, como e porque as coisas acontecem¨...

...¨Como assim? Estou interessada¨, observou...

...¨Você já leu Gustav Flaubert, A educação sentimental?¨, interpelou-a. ¨Precisa ler, sem esquecer de que arte, política e história andam juntos¨, disse e continuou, disposto a levar a conversa até o fim, ¨meu engajamento político começou antes, confesso que rompi aos doze anos com a igreja, a religião, exatamente quando diziam que João XXIII a estava renovando, entre aspas, foi quando comecei a despertar para a compreensão do mundo, a deixar meus mitos de lado, quando mandei o santo padre, a sacristia, os bispos, tudo à puta que pariu e comecei a reagir contra tudo o que fosse patrão, às injustiças, e fiz isso lendo e me dedicando, aderindo àqueles que eram do contra e viviam à margem, no colégio, no meu bairro. Sempre tive um profundo desprezo pela autoridade, ainda mais, depois que fui expulso do colégio marista. Não tinha quinze anos e já fazia propaganda na campanha pelo monopólio estatal do petróleo, e pleno Grande Ponto, a Cinelândia de Natal, no comitê do Prefeito Djalma Maranhão. Quando vi as reportagens sobre Fidel e a guerrilha, então!¨...

... Ouvindo-o abrir a sua mente, Isabel comentou o quanto era lindo ver alguém tentar eliminar as sua limitações, aprimorar as convicções...

...Procurando esclarecer melhor, ele entusiasmou-se...

...¨Há quem diga que o marxismo é uma utopia, apenas uma das interpretações econômicas da História, mas é aí que se enganam, porque é mais que isso, é um ideal ético, incompatível com dogmas ou preconceitos, que não se enquadra entre bem e mal, certo e errado. A raíz, a fonte real do socialismo é, dizia Engels, a continuação mais desenvolvida e mais conseqüente dos princípios estabelecidos pelos grandes filósofos do iluminismo, mas aí veio Marx e disse que, para superarmos o reino da necessidade e alcançarmos o reino da liberdade, o espaço para o livre florescimento de todo o potencial humano, soterrado e oprimido por relações sociais e relações de produção, ao invés de se deixar a economia à mercê do mercado, do capitalismo, enfim, devemos é planejá-la e só dessa forma será realizado o sonho de todos os marxistas, que é unir a humanidade numa grande fraternidade universal; ele achava que é mais importante transformar o mundo do que interpretá-lo. Por isso é preciso que todos vejam o marxismo como alguma coisa além de simples filosofia; é mais do que um tratado filosófico, é histórico, ideológico, uma doutrina viva e criadora, capaz de analisar crítica e dinamicamente a História, que pode levar a mil e uma conclusões, e, no entanto, só a uma constatação, a de que a luta de classes existe e se desenvolve embaixo dos nossos olhos, diariamente, e hoje, para que uma classe predomine sobre a outra, sua síntese nefasta, síntese do capitalismo, é consumir, consumir, consumir, não pela necessidade, mas porque alguém tem que lucrar com isso e o que é pior, explora o trabalhador e destroi a natureza. Os interesses econômicos, com suas práticas perigosas, estão sempre à frente dos outros e quem sofre é a natureza e o homem, ao mesmo tempo, seu representante maior e seus algoz. Marx via além do seu tempo, Isabel. Foi a atitude verdadeiramente revolucionária de Karl Heinrich Marx que há mais de 100 anos elaborou os mecanismos reais de transformação social, em Contribuição à crítica da Política Econômica. Ele provou que são a luta entre as diferentes classes sociais e as relações econômicas de cada época que determinam a história da humanidade. Disse-o depois, no Manifesto Comunista, que continua atual, mas Lenine, líder e teórico da revolução bolchevique foi além, ao escrever, em 1916, O imperialismo, etapa superior do capitalismo. É graças a ele que, na minha, nossa época, dedico todas as minhas forças à luta contra o imperialismo¨...

...Olhando-a, perguntou-lhe se ela não achava uma belíssima luta...

...¨Não sei, sou leiga em política, respondeu, querendo mudar de assunto, no entanto ele prosseguiu, não conseguia parar...

...¨As proposições teóricas do marxismo não se baseiam de forma alguma em idéias, em princípios inventados ou descobertos por esse ou aquele reformador do mundo. Como disse Marx no Manifesto, quer ver, eu lhe mostro¨, e, folheando-o rapidamente, leu um trecho do capítulo Proletários e Comunistas... ...são apenas a expressão geral das condições efetivas de uma luta de classes já existente, de um movimento histórico que se desenrola sob nossos olhos; a abolição das relações de propriedade que até agora existiram não é a característica distintivo do comunismo e neste sentido podemos resumir nossa teoria numa única expressão, a abolição da propriedade privada...

...O comunismo, aliás, não priva ninguém do poder de se apropriar dos produtos sociais, o que faz é eliminar o poder de subjugar o trabalho alheio por meio dessa apropriação. O socialismo é uma obra de arte de solidariedade humana, a verdadeira arte de reconstrução do ser humano, que vem do inconsciente, única maneira de haver liberdade total, e é nesse aspecto que os fins justificam os meios¨.



CAPÍTULO CCXXIX

...¨Acreditas em d(eu)s?¨...

...¨Não, é difícil acreditar numa coisa que não existe, é sacrifícar o intelecto, e como diria Jung, reconhecer incondicional um fato íntimo irracional”...

...Perplexa, olhando-o dentro do olho, Isabel falou como se o advertisse...

...¨Você sabia que o materialismo é extremamente perigoso, amor, que isola a humanidade do Kosmos?¨...

...¨Viu? Quando se fala de comunismo, socialismo, logo vêm com essas histórias de ameaças à família, à ordem, às leis, e d(eu)s, esse detalhe que persegue a vida diária da humanidade. Com ou sem d(eu)s, Isabel, o marxismo é, independe dele, não é um religião. A maioria das religiões, aliás, defendem d(eu)s da mesma forma como defendem a propriedade privada. Eu não sei se já lhe disse, mas foi Adonai Gadol, um dos d(eu)ses ocidentais, quem inventou a propriedade¨...

...¨Como así?¨...

...¨Ele deu a Moisés os limites da terra prometida. Como se pode dizer amai ao próximo como a ti mesmo, se a regra básica do sistema que a Igreja e as religiões abençoam é tirar do próximo? Existe uma diferença entre o todo e o tudo, e o d(eu)s católico é o tudo, a posse da alma, da pessoa e das coisas. Agora apareceu um Papa falando em opção pelos pobres. Por acaso, o Cristo era rico? No meu tempo de Juventude Comunista, li um filósofo francês, Henry Lefebvre, que dividia o mundo em três concepções, a capitalista, a comunista e a cristã, sem explicar como separar a doutrina cristã do capitalismo, o que é impossível, pois ambos são filhos da mesma mãe. Como amar o próximo, se o próximo é o próximo a explorar ou ser explorado, já que a regra egoísta de cada qual é conseguir, para si, todos os benefícios? A sociedade cristã-capitalista é demasiadamente competitiva, vai além da Lei Natural da Evolução e Seleção das Espécies, de Charles Darwin, onde o mais capaz é o que acumula mais, seja por herança ou outros meios, e nesse contexto a doutrina cristã desaparece. Não existe espírito de colaboração no capitalismo, só de competitividade. Assim, ao mesmo tempo em que cria riquezas, o capitalismo também cria forças maléficas, jogando o indivíduo no consumismo e impedindo-o de desfrutar sua liberdade política, de pensar, fazendo aumentar as dificuldades sociais. Se foram os cristãos, católicos, os primeiros a exorcizar os comunistas, acusando-nos de comer criancinhas, sermos o anti-Cristo, de que enterramos d(eu)s, se dá exatamente o contrário¨...

...¨Espera!¨, protestou Isabel, ¨não defendi o cristianismo!¨...

...¨Tanto faz, mas já que comecei, agora preciso falar, se prepare¨, disse, sentando-se no chão...

...¨Apesar de excessivamente machista, os mandamentos que Moisés disse ter recebido diretamente de d(eu)s, são, apesar dessa fantasia, sábios; o sermão da montanha é um belo código de ética, com base em ambos já daria para qualquer sociedade ser feliz, organizar-se de maneira feliz. O problema é que a posse e a usura passaram para trás esses ensinamentos. Além do mais, a moral judaica, a cristã e a muçulmana foram sufocadas pelo feudalismo, a escravidão e o capitalismo, a mais demoníaca invenção humana, e, agora, ou d(eu)s volta e a humanidade encontra a justiça, ou será melhor d(eu)s sumir de vez, porque a tendência dominante na humanidade é de crescer, multiplicar-se, explorar-se e destruir-se. O primeiro direito do ser humano é o direito à vida e diante do direito à vida cessa qualquer outro, inclusive o direito à propriedade, e quando a livre iniciativa, que a milenar Igreja Católica tanto defende, provoca a miséria e a fome, como é que fica? O capitalismo não tem d(eu)s nem moral e, no fim, quem é que come criancinha?¨...

...¨Espera, não entendo. A mi me parece que eres en contra el capitalismo, non és comunista!¨...

...¨Belíssimo, amor! Sou mais que isto! Sou marxista-leninista. Posso continuar? Obrigado, disse e, quase burocrata, prosseguiu dizendo que a produção capitalista é resultado da combinação dos meios de produção, que se compõem de ferramentas, máquinas e matéria-prima e do trabalho humano, numa acumulação contínua de capital. Quem determina o valor do que é produzido é a força de trabalho socialmente necessária para a produção de cada coisa, cada mercadoria, ou seja, a produção cria os objetos que correspondem às necessidades na acumulação capitalista, o trabalho é que produz os valores superiores aos dos salários, é a fonte dos lucros. Marx chamou esse diferencial de mais valia, a diferença entre o valor daquilo que o trabalhador produz e o que ele recebe, a plus valia que fica com o capitalista; é o lucro, conceito básico do sistema capitalista, e nada mais é do que a extração da mais valia, o trabalho não pago da classe trabalhadora no processo de produção, e há muito mais que isso a ser combatido, como a propriedade privada, principalmente. A Igreja aprova a propriedade privada, o maldito desejo do lucro, e sabe que o princípio do lucro está acima da ética, que no capitalismo você é aquilo que mostra ser, não o que é. As pessoas são medidas pelo que têm, não pelo que são. Da mesma forma que o sistema de lucros e juros só provoca desigualdade, a Igreja é capitalista e pecadora, ao dizer que comemos criancinhas. Por legitimar a proteção sagrada ao direito de propriedade, o Vaticano nunca impediu nem impedirá aos seus seguidores a acumulação de bens mundanos. Tem até um banco. Sabe como se chama? Banco do Espírito Santo! Não é à toa, a Igreja Católica é a única que tem ´status´ de observador permanente na ONU, porque é um Estado¨.



CAPÍTULO CCXXX

¨Como pode uma Igreja tão rica ficar ao lado dos pobres? Dá para confiar em padre? A Igreja católica possui bilhões de dólares em imóveis, espalhados pelo mundo, sem falar nos tesouros do Vaticano. Dá para acreditar em padre, bispo, cardeal, diante de tamanha hipocrisia? O ´santo´ padre, representante de d(eu)s na terra, é um grande capitalista, e não adianta apelar à moral nem à ética cristã ou às normas teológicas de São Tomás de Aquino. O santo padre sabe que o dinheiro é a causa das desigualdades entre as sociedades, que afasta ou aproxima as pessoas, o santo padre depende dos interesses em jogo, ele sabe que a riqueza é produto da organização social, política e econômica, assim como sabe que o dinheiro foi inventado, talvez, pela própria igreja, para equacionar de maneira eficaz a medida da riqueza, a compra, a mercadoria, tanto quanto sabe que o valor embutido no dinheiro é o valor do trabalho humano, do que é produzido pelo esforço e concentração do homem”...

...¨Nuestra madre, tienes rabia de la izquierda y de la derecha!¨...

...¨O dinheiro é horrível. Quem tem quer tirar de quem não tem, e quem não tem quer tirá-lo de quem tem. No capitalismo a felicidade de um decorre da infelicidade de muitos¨...

...¨Posso fazer uma pergunta?¨, interrompeu Isabel, ansiosa...

...¨Onde você captou, aprendeu tudo isso?¨...

...¨Ora, claro que no Partido. A gente discutia, fazia cursos. Sempre li e leio sobre o assunto, artigos, livros. Não esqueço o inimigo nem quando durmo¨...

...¨Tá, tá, continua¨ e Isabel sorria¨...

...¨Eu pergunto para que vale o dinheiro, se ele causa tanta dor? Não sei se os bolcheviques agiram corretamente quando decidiram cortar o mal pela raiz e enterraram d(eu)s, sobretudo num país extremamente católico, como era a Rússia. Tem muita gente boa nas religiões em busca de mudanças por intermédio da fé. Prefiro uma frase de Kropotkin, um anarquista que viveu antes da revolução bolchevique, que dizia que a humanidade só será feliz quando o último burocrata morrer enforcado na última tripa do último militar!¨...

...Ao perceber um estranho e renovado entusiasmo pela revolução pregada entre quatro paredes, para a mais importante ouvinte do universo, entregou-se aos giros do pensamento e aproveitou para encaixar uma explicação que lhe veio à mente...

...¨Você sabia que em grego theos quer dizer visão? Se puser um a antes vira a-theos, sem visão, ou d(eu)s, porque o latim traduziu theos para deum. Os filósofos materialistas Epicuro e Demócrito definiram o mundo como matéria, composta de átomos, e é daí que vem o ateísmo, a primeira negação científica da religião. Necessariamente, não quer dizer que uma pessoa que não acredita em d(eu)s seja uma pessoa sem visão, não é? Neste caso, você diz que d(eu)s é uma idéia e neste d(eu)s sou capaz de acreditar! Cada qual tem o d(eu)s que quer, Isabel, e em geral o escolhido é o ego de cada um, um d(eu)s que já justificou e ainda justifica as guerras, que defende o capitalismo, porque d(eu)s é uma questão pessoal, nem chega a ser uma reflexão filosófica, sem dúvida é uma discussão excitante, e como toda discussão excitante, não leva a nada mais, além disso, só especulação. O marxismo não é o meu d(eu)s, é minha religião e nele tenho fé, por ser a mais real dentre todas as opções históricas que a humanidade teve até hoje. Ao estruturar a teoria do movimento revolucionário, Marx disse que na luta de emancipação da sociedade, a filosofia é a cabeça, e o coração é o proletariado, porque o povo não sabe o que faz, desde a pré-história, e é nosso dever, como marxistas-leninistas, servir de farol, de luz, e para isso eu tenho a minha santíssima trindade, formada pela dialética¨...

...¨Dialética marxista, materialismo histórico, amor, o que significa?¨...

...¨Dialética é a arte da discussão, não se confunde com a retórica porque a retórica pretende impressionar, captar, ea dialética busca não apenas convencer, mas também a busca da verdade, pela conciliação de contradições. Para Hegel”...

...”Para quem?”...

...”Georg Wilhelm Friedrich Hegel, no livro Filosofia da História, considerado por Marx como uma concepção otimista e idealista da história, ele definiu dialética como conciliação dos contrários nas coisas e no espírito, com três momentos, tese, antítese e síntese; a tese opondo-se à antítese e do conflito destas origina-se a síntese, ou seja: as coisas se encontram em perpétuo movimento, o mesmo que dizia Heráclito, que a síntese traz consigo os germes de seu próprio contrário, engendrando uma nova tese que, por sua vez, daria origem à uma antítese, e assim por diante, indefinidamente. Dialética, a palavra, vem do grego ´diálogo´ e significa a contraposição entre uma tese e uma antítese, de cuja oposição surge um terceiro termo, a síntese. A definição mais simples seria é de que a dialética é arte de dialogar progressivamente, para provar as coisas. Kant a definiu como sendo apenas a investigação da aparência, algo que nos faz vislumbrar uma verdade ou uma conjuntura em seu processo de realização. A dialética colabora é decisiva na investigação científica. Luís Maranhão assim definia a dialética marxista: é a prática da inovação permanente, uma arma que nos permite sonhar, com a qual é possível penetrar na essência dos problemas mais complexos da vida, da filosofia, da natureza e do homem, a abertura de uma perspectiva a um processo histórico que pode mudar a existência humana e nos levar à construção de uma sociedade melhor, uma sociedade onde não haverá empregador e empregado, em que os meios de produção não serão propriedade privada de uma pequena minoria dos cidadãos, enquanto a grande maioria fica privada deles, dependente dos seus detentores para sobreviver; uma sociedade em que reinem a igualdade e a liberdade, para todos seus membros. Para Lenine, Marx e Engels, porém, além de ser a forma do conhecimento, por excelência, o conflito entre tese e antítese evolui sempre para novas teses e conflitos. Na dialética marxista, por ser mais complexa, o que interessa são as perspectivas conflitantes na busca da verdade, um processo contínuo, arte da verdade, da interrogação recíproca, cuja função é trazer à tona as contradições permanentes da luta constante dos contrários, um processo de infinita mutação em que tudo é, simultaneamente, tese, antítese e síntese, cada estágio negando o anterior, convertendo-se em opostos, e por fim a síntese nega não apenas a antítese, converte-se numa nova tese e assim por diante, sucessivamente. Ao se juntarem, duas coisas opostas formam uma terceira sem que cada uma delas, em mutação contínua, perca seu próprio significado e nesse processo todas as coisas crescem, transformam e tornam a desenvolver-se, cada movimento produzindo uma reação automática ao seu contrário e, do conflito entre os opostos, da tese e da antítese, embora continuando preservada a essência da tese, resulta uma síntese¨.



CAPÍTULO CCXXXI

Isabel disse para prosseguir e ele continuou...

...¨Examinando as condições materiais da existência, Marx aplicou a dialética à História para provar que toda a história tem sido uma história de lutas de classe, de lutas entre as classes exploradas e as classes exploradoras, entre as classes dominantes e as classes dominadas, que a produção é sempre social e, sempre, resultante de um desenvolvimento histórico. Por exemplo, a sociedade primitiva tinha o senhor e o escravo e desse conflito ele elaborou uma síntese que, ao ser negada, transforma-se numa nova tese, que é a própria sociedade capitalista, a qual fundamenta-se também na mesma dualidade de senhor e escravo, só que sob os nomes de capital e trabalho. Ao aplicar outra perspectiva, o materialismo histórico, dialético, Marx trouxe a alienação do céu para a terra. O materialismo histórico explica a história da sociedade com fatos essencialmente econômicos, as relações sociais interligam-se às forças produtivas e estas, no fim, modificam todas as relações sociais porque o determinismo econômico vem antes de qualquer idealismo; antes do homo erectus, habilis ou sapiens, este é o fator econômico condição determinante. Portanto, mais do que a minha revolta ou meus motivos morais, éticos ou intelectuais, juntos, é a economia o que muda e vai mudar a história, sobretudo numa época em que o cidadão deixou de sê-lo, para ser e ter direitos de e como consumidor. E é nessa estranha época destruidora da natureza que faço votos para que o mais rápido possível as teorias de Marx, Engels e Lenin e Ortega y Gasset nos levem às necessárias e inevitáveis rebeliões das massas e o fim do capitalismo. Marx e Engels interpretaram tudo na sociedade como sendo o resultado de fenômenos econômicos, concluíram que a produção sempre é social, pois nasce de um desenvolvimento histórico, e elaboraram uma antítese, o socialismo científico como o caminho certo para a humanidade fugir desse círculo vicioso, de dominantes e dominados, a começar pela estatização dos meios de produção e a eliminação da propriedade privada. A constatação dele é cristalina, o proletariado não deixará de ser proletariado enquanto existirem capitalistas para explorá-lo. Este é o d(eu)s que sobrou para mim e para humanidade, Isabel, o materialismo dialético, cujo princípio é o reconhecimento de que o fato primário é a matéria, e a consciência, o secundário. Entende? É um d(eu)s que permite penetrar na essência dos mais complexos problemas da vida, da filosofia, da natureza e do homem, abrindo perspectiva a um processo histórico que mudará a existência humana e nos levará à construção de uma sociedade melhor, sem distinção de raças, sexo, igualitária e coletiva, como a sociedade primitiva, que será fraterna, terá boas leis, em que a criança poderá sorrir, o trabalhador terá sua casa, seu trabalho, e que poderá descobrir o quanto é belo viver e não somente trabalhar, trabalhar, trabalhar em nome do consumismo!¨...

...¨O comunismo é isso?¨, interrompeu Isabel...

...¨Posso fazer uma observação, que nem é minha¨, respondeu, sentado no chão, com uma taça de vinho do lado das pernas cruzadas, esticadas...

...¨Não sei, para mim nada é certo, só a revolução¨...

...Quanto mais ela o surpreendia, com suas perguntas de sincera curiosidade, mais o cativava...

...Achando-se na obrigação de ser didático, como nunca fora, respirou fundo e prosseguiu...

...¨Ainda não. Numa definição do próprio Lenine, o comunismo é a realização prática do sonho idealista de Immanuel Kant, filósofo alemão, do Iluminismo, de um reino no qual os homens não são tratados pelos outros homens como meios. Marx o descreveu não como um fim, como o início da verdadeira História feita pelos homens, conscientemente. Haverá um longo caminho até o comunismo, Isabel. Numa primeira etapa, de transição para o socialismo científico, caberá ao Estado, e é bom frisar que a esquerda luta por um socialismo utópico, burguês, igual a ela, a missão fundamental de planejar a economia e socializar os bens de produção. Foi com o Estado que surgiram as leis para regulamentar quem deve ser o que no interior da sociedade, quem deve trabalhar e quem não precisa trabalhar. Quando o capitalismo e o Estado receberem o golpe de morte das mãos do proletariado, aí ocorrerá uma fase de transição denominada ditadura do proletariado; e quando a propriedade privada for abolida e as classes deixarem de existir, então o próprio Estado será extinto e aí chegaremos ao comunismo que, por sinal, existiu, na antigüidade. Será o socialismo de Estado, quando os bens de produção pertencerão ao Estado; quando os indivíduos possuirão apenas bens de consumo e segundo Engels, o Estado terá desaparecido, passado a pertencer ao museu de antigüidades da História, ao lado do machado de bronze e da roca de fiar. Então, passaremos a uma etapa melhor ainda, o verdadeiro comunismo, meta final da evolução histórica, retorno às primeiras comunidades humanas, igualmente comunistas. E não haverá classes sociais, ninguém viverá da propriedade, todos viverão do seu trabalho, o sistema de salário será extinto, cada pessoa trabalhando de acordo com sua capacidade e recebendo uma quantia proporcional às suas necessidades. A essência da sociedade comunista será pagar conforme as necessidades de cada um e a cada qual será dado conforme sua força e a cada um conforme a necessidade, cada qual recompensado segundo seus méritos. Quem falou isso, na mesma época de Marx, foi um anarcomunista, Priotr Kropóktin, no livro A conquista do pão¨...



CAPÍTULO CCXXXII

...¨Queres dizer que socialismo e comunismo são a mesma coisa?¨...

...¨Talvez, no prisma da História. Já se falava em comunismo muito tempo antes do Manifesto. Platão, o primeiro homem a explicar que o regime econômico é a origem das desigualdades sociais, em A República falou que o igualitarismo amenizaria os conflitos de interesses entre a sociedade e o Estado. Seria um comunismo em que a propriedade seria comum. Quase 20 séculos depois, na Inglaterra, Thomas More pregou uma sociedade em que a produção seria coletiva. A diferença entre Marx e os outros está no que ele disse, o que importa não é interpretar o mundo, mas transformá-lo. Marx relacionou todo o comportamento humano à economia e a cada dia que passa fica mais claro que as relações econômicas sempre interferem na política, na arte, na ética, em tudo. A sorte da humanidade foi que Marx era um homem de ação e que, partindo desta posição, ele não só pensou em uma sociedade igualitária, uma sociedade sem classes e também na forma de transformá-la, a maneira como fazê-lo e a prática revolucionária adequada, voltada para uma revolução que pudesse construir uma república democrática verdadeira, numa sociedade passível de ser construída cientificamente. Primeiro ele dividiu a sociedade em duas classes, opostas diametralmente, a burguesia, uma classe superflua, mas “dona”do produto social, e o proletariado industrial, e estabeleceu uma norma, que quando os meios de produção puderem ser usados nas quantidades que a humanidade realmente necessita e com a propriedade privada totalmente abolida, a sociedade será transformada de forma gradual, porque a história humana é um processo de desenvolvimento constante. Apesar da luta de classes, a evolução da sociedade avançará para melhor. Que ninguém duvide! A emancipação da classe operária, urbana e rural, será realizada por elas próprias e esta mudança da ordem social existente, poderá ser alcançada pela violência ou não. O próprio Marx sempre disse que é de se desejar, e logicamente os comunistas seriam os últimos a se opor a isso, que a abolição da propriedade se desse e se dê através de métodos pacíficos, e eu sempre achei e demonstrei na prática, que a questão do uso da violência deve ser discutida, porque os tempos mudaram. Lenine, que para mim quer dizer prática, disse que sem derrotar o capital é impossível uma paz verdadeiramente democrática, que não seja imposta pela violência. Na Rússia, e 1917, pelo fato do proletariado não ter o suficiente nível de consciência e de organização, o poder ficou com a burguesia, e agora, aqui, finalmente, o poder está nas mãos da classe média, porque esses generais, os antigos tenentes, são classe média e capitalistas, e os capitalistas são os piores inimigos da paz e do socialismo. Como não existe nada mais de direita e anticomunista do que a classe média, a pequena burguesia nem existe nada pior do que a classe média, em teoria isso quereria dizer que estamos fodidos!¨...

...Ele percebeu a dificuldade de Isabel para acompanhar o raciocínio, permitiu que ela mudasse de assunto...

...¨E de Lenine, que você leu, hein, companheirinho?!¨, e pelo termo diminutivo Isabel revelava outra face, a de mulher forte e determinada, além de desejável, carinhosa...

...¨Li O Estado e a Revolução, Esquerdismo, a doença infantil do comunismo, Que fazer? Materialismo e empirocriticismo, mas, aqui em Natal, por enquanto não li nada, porque não achei nada. Reli outro dia, de Karl Marx e Friedrich Engels, o Manifesto do Partido Comunista; aliás, tenho-o escondido, comigo, está na casa da minha mãe¨...

...¨Ah!, legal! Posso ler?¨...

...¨Claro, e ainda te mostro que nem tudo o que é sólido se desmancha no ar¨, disse e não mudou de assunto, ele ouvia-a fascinado...

...¨No Recife, quando tudo aconteceu, eu acabara de ler As teses de Abril de 1917, um dos livros mais didáticos de Lenine, para mim, uma tomada de consciência no rumo do materialismo histórico e dialético. Nesse livro Lenine pregava a necessidade que todo o poder do Estado passasse aos Sovietes de deputados operários e mostrava, item por item, o caminho para chegar ao poder, os bolcheviques, não com uma república parlamentar, porque o retorno à uma república parlamentar a partir dos Sovietes seria dar um passo atrás, sim com uma república soviética, de deputados operários e camponeses, em todo o país, de alto abaixo. Luís Maranhão meu, o dirigente comunista potiguar, dizia que tudo é questionável e foi assim que me convenceu de que o socialismo pode e deve ser construído sem derramamento de sangue, que a luta não deve ser de uma classe contra outra, sim, de todos contra o capitalismo. Poderemos ter um governo que retome as origens da questão capitalista, ligado à teoria socialista, de bem-estar para todos, em estreita conexão entre a teoria e a prática, partir do povo. É preciso, contudo, ter cuidado, porque a massa miserável aumenta dia após dia e as potencialidades do capitalismo estão perto de se exaurir. O sistema capitalista implodirá pela anarquia dos meios de produção, causa do círculo vicioso do emprego e desemprego, a fórmula final e atual da luta de classes. As desigualdade sociais, ao invés de diminuir, aumentam cada vez mais e ao proclamar os proletários de todo o mundo, na última frase do Manifesto Comunista, Proletários de todo o mundo, uni-vos!, Marx disse que, impelida pela necessidade de mercados, porque o capital necessita estabelecer-se em todas partes, explorar em todas as partes e criar vínculos em todas partes, a burguesia invadiria todo o globo terrestre. Ele previu que o comunismo será a etapa final da organização social, depois de destruída a sociedade capitalista, e substituída por uma nova. Lenine diz no livro O Estado e a Revolução que Marx chamou de socialismo a primeira fase ou fase inferior da sociedade comunista e só na medida em que os meios de produção se tornem propriedade como é que se poderá aplicar a palavra comunismo. Antes, viveremos o início do socialismo, etapa intermediária de consolidação das conquistas das classes trabalhadores, cujo primeiro passo deve ser a tomada do poder. Sabe qual é o artigo primeiro da Constituição soviética, de 1977? A União das Repúblicas Soscialistas Soviéticas é um Estado socialista de todo o povo, que expressa a vontade e os interesses dos operários, dos camponeses e dos intelectuais e dos trabalhadores de todas as nações e etnias do país¨...

...¨Você acha que isto pode acontecer aqui, no Brasil? No meu país, por exemplo, Ecuador, com mais da metade da população formada por índios?¨...



AMANHÃ OS CAPÍTULOS CCXXXIII, CCXXXIV, CCXXXV, CCXXXVI, CCXXXVII E CCXXXVIII


  

Compartilhe: twitter delicious Windows Live MySpace facebook Google digg

  Textos anteriores
09/11/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
08/11/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
07/11/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
06/11/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
05/11/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
04/11/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
03/11/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
02/11/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
01/11/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
31/10/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
30/10/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
29/10/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
28/10/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
27/10/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
26/10/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
25/10/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
24/10/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
23/10/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
22/10/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)
21/10/2005 - O dia do golpe (31 de Março, 1964)

Listar todos os textos
 
Editor: Marcos Antonio Moreira
Diretora Executiva: Kelen Marques